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Vendas de veículos crescem 8,6% em 2019

Para 2020, presidente da Anfavea projeta alta de 9,3% nos emplacamentos

Aos poucos, o setor automotivo recupera números, mas ainda um pouco distante de sua época de melhor desempenho. Em 2019, a produção de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) subiu 2,3% com um total de 2.944.962 unidades ante 2.879.809 de 2018. Os dados foram divulgados nessa terça-feira, 7, pela associação de fabricantes, a Anfavea.

Ainda assim, este foi o maior volume de produção desde a pré-crise. Em 2014, o Brasil fabricou 3,15 milhões de veículos. Boa parte desse crescimento de produção comedido foi devido às exportações, que tiveram declínio de 31,9%, com maior ênfase ao mercado argentino. Em 2018 o Brasil enviou 629.175 veículos e no ano passado, 428.198.  

Fábrica da Fiat em Betim, em Minas Gerais (Foto: Divulgação/Fiat)

O que mais puxou a produção foi o avanço do mercado interno: os emplacamentos (nacionais e importados das associadas à Anfavea) cresceram 8,6% em 2019, com 2,79 milhões automóveis e comerciais leves.

Cerca de 40% das vendas foram realizadas pela modalidade de “vendas diretas” para pessoas jurídicas que compram diretamente das fabricantes (sem passar pela intermediação de concessionárias) e que reduzem a rentabilidade do setor por conquistarem maiores descontos. Estão inseridas as locadoras, frotistas e produtores rurais.

No segmento de pesados (caminhões e ônibus), a produção aumentou 7,5% e as vendas 33,3%, apesar da queda de -45% nas exportações.

No último mês de 2019, as vendas saltaram 12% em relação a dezembro de 2019 e 8,4% quando comparado a novembro.

Projeções para 2020

De acordo com Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, a entidade está conservadora quanto às exportações. “A Argentina não deve retomar a curto prazo, estão com alta inflação, altos juros, o novo governo está negociando dívida, por isso não vemos crescimento nesse mercado. Na América Latina outros países para os quais exportamos, como Chile e Colômbia, nos preocupam, e o Brasil não consegue melhorar suas vendas ao exterior por todo o ‘custo Brasil’, como questões de logística e resíduos tributários, entre outros”, afirma o executivo.

Ele aponta que há montadoras com chance de perder produção no Brasil. “Esse é um problema da indústria de transformação no país, um problema estrutural.”

Ainda assim, Moraes aponta avanços e tendências positivas, como inflação sob controle, Selic a 4,5%, risco Brasil em queda. “Do ponto de vista econômico, 2020 começa em condições melhores do que 2019, há uma tendência ao consumo e à produção, mas temos de dar continuidade às reformas estruturais”, comenta o presidente da Anfavea. “Temos grandes desafios, privatizações, reduzir tamanho do estado, investir em infraestrutura, ter mais emprego e reduzir o custo Brasil.”

Para Moraes, não é possível se iludir com a previsão de um PIB de 2,5%. “Falta para um crescimento sustentável, senão teremos mais um voo de galinha, celebramos conquistas, mas precisamos atacar e continuar as reformas”, pondera.

Por fim, a entidade que estima uma alta de 9,4% no licenciamento de autoveículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) em 2020 e 7,3% na produção, dá um recado: “Precisamos ter um país mais ambicioso, crescer mais que 2,5% e não parar de atacar e discutir reformas estruturais”, conclui Moraes.