Em uma nova edição da pesquisa Índice, estudo realizado pela FGV com dados do IBGE sobre as vendas de materiais de construção em todo o país a pedido da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção, 2019 teve crescimento de 2% e a estimativa para este ano é de avançar em 4% o faturamento.
Para a Abramat, o resultado é significativo, sobretudo quando observada a série histórica do setor. Após retrações consecutivas entre 2015 e 2017, o segundo ano seguido de crescimento confirma a compreensão das lideranças do segmento de que há uma recuperação em curso.
“A indústria de materiais de construção aponta para o crescimento. Tendo sido 2019 um ano dentro do esperado, a previsão é registrarmos um crescimento maior em 2020. Isso se confirmando, será o terceiro ano de crescimento, aumentando a possibilidade do setor se estruturar para que essa tendência positiva seja sustentável”, destacou Rodrigo Navarro, presidente da Abramat.
A pesquisa da associação também destaca os números de emprego no setor. Não houve crescimento no número de vagas no setor em relação a dezembro do ano passado. No acumulado do ano, queda de 0,3% no número de funcionários. No entanto, em 2019 as indústrias de materiais básicos registraram alta de 0,3%, enquanto as fabricantes de materiais de acabamento registraram baixa de 1,3%.
Construção civil impulsionada
Para Wanderson Leite, fundador da Prospecta Obras, plataforma de relacionamento do segmento de construção civil, a indústria da construção tem potencial para criação de 150 a 200 mil postos de trabalho formais. “Este segmento, que representa cerca de 10% do PIB brasileiro, emprega hoje 2,3 milhões de pessoas – isso em tempos de crise”, afirma.
De acordo com Leite, apenas 2% do material utilizado na construção civil é importado. “Quando a construção civil vai bem, as fábricas têm de contratar para atender à demanda. Com isso, há mais pessoas com renda, consumindo mais, fazendo a economia se movimentar e o país crescer.”
Nos últimos anos, a construção civil vem sendo impulsionada por alguns fatores. Os principais são a queda na inflação e os juros baixos. Isso tem um impacto direto no poder de compra da população. Um imóvel é, geralmente, o maior investimento da vida de uma pessoa. Se ela não tem confiança na economia, dificilmente se sentirá segura para designar um valor tão alto. Por outro lado, se a economia for bem e o cenário político se estabilizar, o setor tem perspectivas de crescimento.
“Para que a construção civil continue acelerada, é preciso manter as políticas de incentivo ao financiamento, não só de imóveis, mas de materiais também”, defende o empresário. “Em março, a Caixa irá lançar uma linha de crédito imobiliário com taxas de juros prefixadas. Isso significa que antes mesmo de fazer um financiamento, você já sabe quanto vai pagar no final e, assim, pode calcular o tamanho da dívida. Aquele imóvel tende a valorizar? Vai cobrir o valor desembolsado? Todas essas questões ficarão mais claras. Existe a possibilidade de os juros diminuírem, mas a modalidade anima os perfis mais conservadores e cautelosos”, complementa.