A Anaael (Agência Nacional de Energia Elétrica) criou uma nova bandeira para a conta de luz: a bandeira de escassez hídrica. A taxa adicional a ser cobrada é de R$ 14,20 por 100 kWh consumidos, e ficará em vigor até 30 de abril de 2022. Hoje, o consumidor paga R$ 9,49 a cada 100 kWh. O valor representa aumento de 49,6% (R$ 4,71) em relação à atual bandeira. No fim de junho, a bandeira vermelha patamar 2 já havia aumentado 52%.
Paralelamente, o governo federal lançou o Programa de Incentivo à Redução Voluntária de consumo de energia, que ficará em vigor até dezembro. A cada 100 kWh reduzidos na conta de luz, o consumidor terá R$ 50 de desconto. Mas a bonificação só será paga para aqueles que economizarem entre 10% e 20% do que consumiu.
Crise hídrica sem precedentes
O motivo para o acionamento da bandeira é a crise hídrica que atinge as usinas hidrelétrica localizadas no Sudeste, fornecedoras da maior parte de energia do Brasil. Com as secas nas usinas, o governo passa a usar as termelétricas, que geram energia a partir da queima de combustíveis, opção mais cara e poluente, influenciando no valor final da conta de luz.
Enquanto isso, a população ‘se vira nos trinta’, como a arquiteta Flávia Saldon, que reside em Barueri, que teve aumento em torno de R$ 200 na conta de luz. “Não deixamos muitas luzes acesas. E troquei todas as lâmpadas por LED quando mudei para o apartamento”, conta Flávia. A fiação do imóvel é antiga, fator que consome mais energia. Na residência de seus pais, o boiler (reservatório térmico de água) é ligado apenas duas horas por dia. “É o tempo de esquentar a água e eles tomarem banho. Reduz bastante o consumo de luz. Em caso de emergência, eles usam o chuveiro elétrico”, explica.
Já a corretora de imóveis Elaine Maia, moradora de Santana de Parnaíba, resolveu abdicar do boiler. “Coloquei chuveiro elétrico, reduzindo a conta pela metade. Além disso, desliguei o aquecedor da casa” afirma. Elaine ressalta que as economias não se resumem à conta de luz. Alimentos, combustível e gás também estão pesando no orçamento. “Em vez de comprar tudo em um mercado só, acabamos trocando, porque cada um tem sua promoção, com marcas mais em conta”, diz ela.
Orçamento cada vez mais apertado
A arquiteta Flávia também tem buscado alternativas para equilibrar as cpntas. No caso dos alimentos, ela afirma que não desperdiça nada e pesquisa os preços e sempre está em busca de promoções. “Para substituir o filé mignon, passei a comprar coxão mole e faço na pressão para deixar a carne mais mole, como as crianças gostam”, acrescenta. Em relação ao combustível, Flávia tem optado pelo etanol. “E se preciso ir a algum local próximo, como o Correios, vou a pé. Dessa forma, evito gastar combustível e pagar estacionamento”, esclarece.
Leila Rocha Pellegrino, economista e professora do curso de Administração da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas, também ressalta a importância de pesquisa de mercado na hora de fazer as compras. “É preciso buscar opções que sejam economicamente mais interessantes, e que só vêm pela pesquisa de preço, que cumpre uma outra função, que é a de minimizar as compras por impulso”, explica Leila.
A economista afirma que é muito importante fazer um planejamento de receitas e de gastos para manter o orçamento doméstico equilibrado. “A família deve revisar os gastos e eliminar o que não é essencial nesse momento”, diz ela, que faz mais uma recomendação: guardar recursos na poupança, caso seja possível. “Para momentos de incerteza, imprevistos, num futuro próximo”, finaliza a economista.