Estudo da FecomercioSP mostra ainda que que 17% dos entrevistados realizam algum tipo de aposta eletrônica
Segundo levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), cerca de um terço dos paulistanos utiliza plataformas de apostas como forma de investimento ou para alavancar a renda imediatamente. Isto traz sérias consequências para setores da economia local e ao bem-estar social.
Para a FecomercioSP, este dado é preocupante e requer um olhar atento do Poder Público e da sociedade civil organizada. Kelly Carvalho, assessora técnica da instituição, diz que é importante ressaltar que a crença de que as apostas podem incrementar rapidamente os rendimentos ignora o fato de que a maioria dos apostadores mais perde do que ganha, como mostra o estudo. “Essa situação se agrava diante da proliferação da publicidade de apostas, que disfarça os riscos da falsa promessa de ganhos imediatos”, escreve Kelly.
O estudo da FecomercioSP ainda revela que 59% dos entrevistados na capital paulista usam estes jogos como forma de diversão e distração, atraídos pela conveniência das plataformas digitais. Este comportamento pode trazer sérias consequências. Recursos que poderiam ser destinados a atividades recreativas em conjunto – cinema, shows, viagens e restaurantes – são redirecionados para esta prática.
Recentemente, como noticiou o GIRO (clique aqui), o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) determinou o bloqueio de acesso a 15 sites ligados à exploração de jogos de azar virtuais, como o “jogo do tigrinho”. Com a medida, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) foi notificada para tomar as providências em relação às operadoras de internet.
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Apostas online: riscos e perdas
A priorização das apostas eletrônicas também é danosa para a qualidade de vida dos indivíduos, que acabam renunciando a experiências enriquecedoras por um hábito potencialmente nocivo. Logo, é primordial, segundo a assessora técnica da FecomercioSP, que as redes sociais e as plataformas de apostas desenvolvam mecanismos para promover a conscientização e o uso responsável.
O levantamento mostra ainda que 17% dos entrevistados realizam algum tipo de aposta eletrônica, um porcentual comparável ao observado em economias desenvolvidas, como os Estados Unidos. “Esse dado sugere que o endividamento de algumas pessoas não está necessariamente relacionado às plataformas regulamentadas, mas a uma transição entre diferentes formas de jogos de azar. Muitos participavam de apostas ilegais e migraram para esses site”, escreve Kelly.
Os riscos financeiros são claros, tanto para jogadores experientes como novatos. Na busca por recuperar perdas, muitos acabam se endividando ainda mais, desviando recursos que deveriam ser destinados a necessidades essenciais do orçamento familiar, como o pagamento de contas.
Pedidos para entrar no mercado
A Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda analisa vários pedidos de novos entrantes para atuar no mercado, e que não mostram a capacidade dessa modalidade específica de gerar empregos e distribuir renda. Conforme relatório da XP Investimentos em 2023, as apostas online nessas plataformas movimentaram cerca de R$ 120 bilhões no Brasil, ou seja, 1% do Produto Interno Bruto (PIB). Essas despesas já somam, pelo menos, 20% do orçamento discricionário das famílias de baixa renda.
A Lei 14.790/23, que regulamenta as apostas de quotas fixas, promete dar mais legalidade e transparência a sites que se ajustarem às novas regras exigidas pelo governo. Contudo, o risco de jogo excessivo – e a facilidade de acesso a essas plataformas – pode até agravar o problema, segundo a especialista da FecomercioSP, que acrescenta: “As regulamentações subsequentes precisam promover a segurança jurídica para todos os envolvidos, ao passo que os recursos provenientes da arrecadação devem ser revertidos para áreas prioritárias, como Educação, Saúde e Segurança.”
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