Logo Giro
Search
Close this search box.
giro

Coqueluche: Estado de SP registra 27 casos em quatro meses

Logo Giro
Crianças podem até desenvolver insuficiência respiratória e ir a óbito (Divulgação/Governo SP)

Desse total, 17 foram na capital paulista, mais que o dobro em relação a 2023 inteiro. Vacinação é fundamental para prevenir contra a coqueluche

Segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Estado de São Paulo, até a última quinta-feira, 25 de abril, foram registrados 27 casos e nenhum óbito por coqueluche em todo o Estado de São Paulo. Desse total, 17 ocorreram na capital paulista.

O número de casos da doença na cidade de São Paulo, em 2024, mais que dobrou em comparação ao ano passado inteiro. A maioria dos casos ocorreu em bairros da zona oeste, seguidos da zona sul e leste. Em 2023, foram registrados oito casos de coqueluche, também sem mortes, no município.

Já no Estado de SP, o número total de ocorrências em 2023 foi de 53 casos, também sem registro de óbitos.

+SIGA os canais de notícias do GIRO no WhatsappTelegram e Linkedin

Coqueluche

Dos 17 casos confirmados na capital paulista, seis eram de indivíduos na faixa etária de 10-14 anos, três casos em menores de 1 ano, um caso em crianças de 1 a 4 anos, dois em crianças de 5 a 9 anos e cinco casos em pessoas entre 15 e 82 anos. A maior quantidade de casos positivos é em pessoas do
sexo feminino (58,8%).

Em 22 de abril, a Secretaria Municipal de Saúde soltou um alerta para os aumentos de casos de coqueluche. Mas, a cidade de São Paulo não está em surto. Segundo especialistas, os números de casos de coqueluche são um reflexo da baixa adesão vacinal e da falta das doses de reforço em adultos.

De acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de cobertura da vacina DTP (difteria, tétano e coqueluche) em menores de 1 ano de idade na cidade de São Paulo em 2024 é de 45,25%; de 63,06% no 1º reforço com 1 ano de idade e de 41,40% da cobertura da dTpa (versão acelular da DTP) em adultos. O órgão recomenda uma cobertura vacinal de mais de 80% para evitar que o vírus circule e possa causar epidemias. 

Vacinação é primordial

Logo, a vacinação é o principal meio para prevenir a doença. A vacina pentavalente (difteria, tétano, pertussis (coqueluche), hepatite B recombinante e Haemophilus influenzae B conjugada) é gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS) aos dois, quatro e seis meses de vida. Mais dois reforços com a vacina DTP (difteria, tétano e pertussis), conhecida também como tríplice bacteriana infantil, são indicados aos 15 meses e aos 4 anos. 

Já a vacina dTpa é indicada para maiores de 7 anos que não tomaram a DTP, para profissionais de saúde e para grávidas até o terceiro trimestre de gestação. “A vacina protege a mãe e também o bebê que tende a sofrer muito mais se contrair a bactéria, podendo até precisar de ventilação mecânica em UTI”, explica Érique Miranda, infectologista e gestor médico de Desenvolvimento Clínico do Butantan.

Como a doença não traz imunidade a quem contraiu, ou seja, quem foi infectado pode contraí-la novamente, a recomendação é que adultos recebam doses de reforços da dTpa a cada cinco a 10 anos. 

O que é a coqueluche?

A coqueluche ou pertussis é uma infecção respiratória causada pela bactéria Borderella pertussis, conhecida popularmente como tosse comprida. Em contato com a bactéria, que se aloja na garganta humana, as crianças podem até desenvolver insuficiência respiratória e ir a óbito.

“A coqueluche é caracterizada por acessos de tosse extremamente pronunciados e tende a ser uma doença muito mais grave em crianças abaixo de um ano de idade, que sofrem com a maior taxa de morbidade e hospitalização em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, ressalta Miranda.

Coqueluche: Estado de SP registra 27 casos em quatro meses
A vacinação é primordial para combater a coqueluche (Divulgação/Governo SP)

Transmissão e sintomas

Segundo informações do Instituto Butantan, a coqueluche é transmitida pelo contato com gotículas de pessoas contaminadas e é altamente transmissível. A cada infecção, é possível gerar outros 17 casos secundários. Seu alto potencial de transmissão é semelhante ao do sarampo e da varicela. Além disso, é muito maior do que o da covid-19, que gera em torno de três casos secundários a cada infecção.

A doença tende a se alastrar mais em tempos de clima ameno e frio, como na primavera e no inverno, devido ao fato das pessoas permanecerem mais em ambientes fechados. Basta um contato com a tosse ou secreção da pessoa com a enfermidade para se infectar.

A primeira fase da coqueluche é a catarral, durando até duas semanas. Os sintomas são: febre pouco intensa, mal-estar geral, coriza e tosse seca. É a fase mais infectante; a frequência e a intensidade dos acessos de tosse aumentam gradualmente. A fase paroxística, que dura de duas a seis semanas, é quando a febre se mantém baixa, e começam as crises de tosse súbitas, rápidas e curtas, que podem comprometer a respiração. 

Em adultos, ela pode ser confundida com diversas outras doenças e infecções como sinusite, tosse crônica ou mesmo quadros de infecção por influenza ou tuberculose, atrasando o diagnóstico. O tratamento da coqueluche é feito com antibióticos.

Para o infectologista, o crescimento de casos na capital paulista pode ser a “ponta do iceberg”. “Apenas 10% dos casos em adultos são sintomáticos e parte destes procuram por serviços de saúde; então há uma possibilidade de subnotificação. Os adultos, portanto, sustentam a transmissão da doença”, esclarece ele.

  • Confira a distribuição de casos confirmados, óbitos, coeficiente de incidência e letalidade, segundo ano de início de sintomas e faixa etária no Estado de SP de 2000 a 2024 acessando o link (clique aqui).
  • Série histórica de casos e óbitos confirmados de coqueluche, coeficientes de incidência e mortalidade por 100.000 habitantes, residentes no Município de São Paulo, 2007 a 2024 acessando o link (clique aqui).

Jornalismo regional de qualidade
Há mais de 16 anos, o GIRO noticia os acontecimentos mais importantes nos 12 municípios que compõem o consórcio *Cioeste. Essas cidades estão localizadas na Região Metropolitana da Grande São Paulo e possuem uma população que ultrapassa os 2,5 milhões de habitantes.    

Siga o perfil do jornal no Instagram e acompanhe outros conteúdos.

*Cioeste: Araçariguama, Barueri, Cajamar, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Santana de Parnaíba, São Roque e Vargem Grande Paulista.

Receba nossas notícias em seu e-mail