Advogado da família de Vitória questiona se suspeito agiu sozinho e aponta contradições na versão do crime. Investigação segue em andamento em Cajamar
A Polícia Civil anunciou que fará a reconstituição do assassinato da adolescente Vitória Regina de Souza, de 17 anos, atendendo a um pedido do advogado da família da vítima. Para eles, ainda existem diversas lacunas na investigação, e a reconstituição é uma peça fundamental para confrontar a versão apresentada por Maicol Sales dos Santos, de 27 anos, que confessou o crime. Ele é o único preso pelo crime, até o momento.
A adolescente foi encontrada morta em uma área de mata na cidade de Cajamar no dia 5 de março, após desaparecer no dia 26 de fevereiro. O advogado da família, Fábio Costa, questiona se Maicol teria agido sozinho no crime. “Ele não teria condições de planejar, arquitetar e executar tudo isso sem ajuda. Acreditamos que há a participação de outra pessoa”, afirmou.
Outro ponto contestado pela defesa diz respeito à declaração do suspeito de que o crime teria ocorrido dentro do veículo. “Não seria possível ele cometer o crime dentro do carro e eliminar todos os vestígios sem deixar rastros. Para mim, essa é uma grande contradição”, ressaltou Costa.
Em nota, a Polícia Civil informou que solicitou ao Instituto Médico Legal (IML) a reconstituição do crime para esclarecer todas as circunstâncias envolvidas. O principal suspeito segue preso temporariamente, no Centro de Detenção Provisória de Guarulhos, e o caso continua sob investigação da Delegacia de Cajamar.
Laudo psiquiátrico
A defesa de Maicol contestou o agendamento de uma perícia psiquiátrica para seu cliente, solicitada pelo delegado responsável pelo caso. Além de contestar o pedido de perícia, a defesa de Maicol também questiona a validade do depoimento onde o suspeito confessa o asssassinato. A confissão ocorreu durante a madrugada do dia 18 de março, sem a presença dos advogados de defesa, mas sim, na presença de um outro advogado ligado à OAB de Cajamar.
Em nota publicada nas redes oficiais, o advogado Fabio Ubirajara afirmou que “questiona, veementemente, a conduta adotada pelo delegado responsável pelo caso, que, sem ordem judicial, agendou a realização de uma perícia psiquiátrica”. De acordo com ele, “tal medida desrespeita expressamente o artigo 149, §1º, do Código de Processo Penal, tornando sua realização ilegal e arbitrária”.
“Diante desse cenário, a defesa questiona: qual o verdadeiro interesse da Polícia Civil nessa avaliação psiquiátrica? Haveria uma tentativa de validar uma confissão extraída sob questionáveis circunstâncias? O objetivo seria encerrar as investigações a qualquer custo, mesmo em detrimento das garantias fundamentais do investigado?”, diz a nota.
Maicol confessando assassinato
Um vídeo, que circula nas redes sociais, mostra trecho do depoimento de Maicol Antônio Sales dos Santos, de 23 anos, preso pelo assassinato da adolescente Vitória Regina de Souza, de 17 anos. Durante o interrogatório conduzido pela Polícia Civil de Cajamar, Maicol admite ter cometido o crime. Ele foi detido no dia 8 de março, após a Justiça decretar sua prisão temporária, e confessou o homicídio na madrugada do dia 18 de março, dez dias após ser preso.
Nas imagens, o suspeito descreve como deixou o corpo da vítima, que foi encontrado em uma área de mata após seis dias de buscas. Maicol também menciona sentir-se ameaçado por outros detentos e por pessoas “lá fora”.
Negativas e contestação da defesa
Durante o depoimento, Maicol negou ter raspado ou arrancado os cabelos de Vitória. Ele sugere que a perda do couro cabeludo pode ter ocorrido devido ao estado de decomposição do corpo e à possibilidade de ter sido arrastado. Ele também negou qualquer ligação com facções criminosas, afastando suspeitas iniciais de que o crime poderia ter envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
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