Estudante de Bauru teve a pré-matrícula para o curso de direito da USP cancelada, após avaliação da banca por meio de foto e videochamada.
A Universidade de São Paulo (USP) retomou a matrícula do estudante, de 17 anos, autodeclarado pardo, que havia perdido vaga após banca de avaliação de cotistas. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (7).
Morador de Bauru, no interior do estado de São Paulo, Glauco Dalalio do Livramento, passou no curso de direito na USP no Largo de São Francisco. O estudante foi aprovado por meio da política de cotas raciais, no Provão Paulista, vestibular que facilitar o ingresso nas universidades públicas paulistas.
A medida ocorreu após a liminar concedida na segunda-feira (4), pelo juiz Randolfo Ferraz de Campos, da 14ª Vara da Fazenda de São Paulo. Foi determinado que a instituição reservasse uma vaga para o rapaz.
Na decisão, o magistrado afirmou que a verificação feita por meio de uma foto e uma videochamada “ofende a isonomia”. Ele ainda afirma que “a exclusão do curso universitário poderá implicar prejuízo irreversível”.

O Ferraz de Campos ainda ressaltou que “essa distinção pode mesmo ter prejudicado o autor”, já que “imagens geradas por equipamentos eletrônicos não são necessariamente fiéis à realidade” e que “não se pode mesmo olvidar que o autor é simplesmente filho de pessoa de raça negra”.
“O perigo da demora é inerente à própria exclusão do curso universitário para a qual, inclusive, já tinha se pré-matriculado, dada a sequência que terá, o que poderá implicar prejuízo irreversível”, reiterou o juiz.
A universidade teve o prazo de 72 horas para cumprir a decisão, que cabia recurso. No entanto, segundo a família do jovem, a instituição de ensino entrou em contato e reativou a matrícula do estudante. Por meio de nota encaminhada ao portal “G1”, a USP pontuou que “quaisquer ordens judiciais serão cumpridas”.
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Estudos no Largo São Francisco da USP
O jovem estudará na principal e mais importante faculdade de direito do país, o Largo de Direito de São Francisco. Segundo o “G1”, o estudante deve percorrer os 340 km que separam Bauru de São Paulo, capital, na madrugada de sábado (10). As aulas na instituição tiveram início no dia 26 de fevereiro.
Glauco estudará no mesmo local de estudos de 13 ex-presidentes de República e outras personalidades do meio acadêmico e literário brasileiro. Os ilustres ex-estudantes a ocupar o cargo mais alto da Nação são: Prudente de Morais, Campos Salles, Rodrigues Alves, Afonso Pena, Wenceslau Braz, Delfim Moreira, Artur Bernardes, Washington Luiz, Júlio Prestes, José Linhares, Nereu Ramos, Jânio Quadros e Michel Temer.

Os ex-alunos ainda incluem nomes Oswald de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Alexandre de Moraes, Luís Gama, Castro Alves, Monteiro Lobato, José de Alencar, Olavo Bilac, Ulysses Guimarães, Álvares de Azevedo, entre outros.
Academia de Direito do Largo de São Francisco fui criada em 1827 por meio de decreto de Dom Pedro I, sendo inaugurada em 1828. O local era destinado a formar governantes e administradores públicos capazes de estruturar e conduzir o país recém-emancipado, com a Proclamação da Independência poucos anos antes, em 1822.
Reitor da USP diz que vai aprimorar análise de processo
Na terça-feira (5), o reitor da USP, Carlos Carlotti Junior, afirmou que a universidade irá “debater para corrigir e aprimorar” o processo de análise de estudantes que se autodeclaram pretos e pardos para ingressar na instituição por meio do sistema de cotas raciais. A declaração foi dada à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo.
Entre as propostas apresentadas, está a de realizar as entrevistas presencialmente com todos os candidatos, substituindo o formato virtual, mesmo que isso acarrete um custo financeiro para a instituição de ensino. O processo é adotado para evitar fraudes, no qual, uma comissão da universidade avalia a veracidade das informações.

“A ideia era facilitar a conversa com estudantes que moram longe de São Paulo”, explica o gestor educacional.
Na banca avaliadora, segundo a USP, são analisados apenas aspectos fenotípicos, como cor da pele, tipo do cabelo e formato do nariz e boca, e tenta identificar se essas características são das comunidades negras, indígenas ou pardas.
“São cerca de 200 candidatos por ano nessa situação. É mais barato arcar com o custo das viagens do que deixar qualquer dúvida no ar e expor a instituição”, completa Carlotti.
*com informações dos portais de notícia G1, Folha de São Paulo e Terra
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