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Casal é condenado a 36 anos pela morte de Vitória Gabrielly. Crime em Araçariguama comoveu o País

Após decisão dos jurados, em sua sentença o juiz da Vara do Júri, Flávio Roberto de Carvalho, pontuou detalhes da crueldade cometida pelo casal; confira
Pais se emocionam com o resultado do júri (Divulgação/Reprodução/SRN)

O Tribunal do Júri da Comarca de São Roque condenou na noite desta terça-feira (9), o casal Bruno Oliveira e Mayara Abrantes, pela participação na morte da adolescente Vitória Gabrielly, de 12 anos. O crime ocorrido no município de Araçariguama em 2018 comoveu o País. Dupla foi condenada a 36 anos de prisão.

Após decisão dos jurados, em sua sentença, o juiz da Vara do Júri, Flávio Roberto de Carvalho, pontuou a crueldade cometida pelo casal. “A maneira como se portou aceitando o sequestro de uma criança como forma de pagamento de dívidas de drogas e mesmo ciente que havia um engano, levou o crime ao final com a morte da criança que apenas estava andando de patins. Aliás, é possível imaginar uma criança inocente, frágil, no ginásio com seus patins e de repente será arrebatada por um desconhecido e levada a óbito. Inclusive chorando e mostrando desespero. O que indica a violência, a periculosidade do réu. Destruição da família da vítima também é fato a ser pontuado. A participação do réu levou a vida de uma criança impedindo o futuro e acabando com todos os sonhos da família. E mais, o castigo para a família é perpétuo. Ali só estarão a saudade e as flores no cemitério”, disse o juiz ao enfatizar a conduta de Oliveira.

“Maiara Borges de Abrantes, analisando a maneira como se portou aceitando sequestro de uma criança como forma de pagamento de dívida de drogas e, mesmo ciente que havia um engano, levou o crime ao final com a morte da criança que estava andando em patins”, comentou novamente o magistrado ao falar de Mayara. “Após o delito foi comprar assadeira e colchas, como se nada tivesse acontecido. O que ressalta a sua frieza, sua periculosidade e clara culpabilidade acima da média. A destruição da família da vítima também é fato ser pontuado. A participação dela levou a vida de uma criança”, disse o juiz.

Antes de proferir a sentença, o juiz fez duras críticas à legislação penal brasileira. “Já o real diante da lei de execução penal brasileira, uma das piores legislações do mundo, uma verdadeira celebração da impunidade em que o Congresso Nacional não teve até o momento a vontade, coragem e disposição para alterar que, somente serve aumentar a violência, pouco tempo terá benefício de progressão de pena, saídas temporárias, liberdade condicional etc. Em pouquíssimo tempo serão novamente colocados nas ruas, colocando em risco crianças e pessoas, ou seja, as consequências para a vítima e para a família são catastróficas”, desabafou o magistrado.

Ao final, foi proferida as penas fixadas em 36 anos de reclusão e pagamento de multa pelos crimes de sequestro, homicídio qualificado por motivo torpe, fútil, meio cruel, recurso que impediu a defesa da vítima e ocultação de cadáver.

O outro participante do crime, o servente de pedreiro Júlio Ergesse, foi condenado a 34 anos de prisão em 2019. A pena dele, no entanto, foi reduzida em quase 10 anos pela Justiça de São Paulo no ano passado. Um quarto suspeito, o traficante que teria ordenado a execução do crime, é investigado.

Relembre o caso
A adolescente Vitória Gabrielly, de 12 anos, foi vista pela última vez na rua Tocantins, no bairro Vila Nova, no dia 8/07/2018. De acordo com o boletim de ocorrência, a jovem saiu de casa às 13h30 para andar de patins em frente a um ginásio. As buscas começaram às 19h quando a mãe soube que a filha não estava na casa da tia. A Polícia Civil de Araçariguama encontrou o corpo da adolescente por volta das 13h de sábado (16/07/2018), na estrada da Aparecidinha, bairro Caxambu, em Araçariguama. O crime comoveu o País.