Vinícius de Paula afirma que funcionário do caixa preferencial, que estava vazio, se negou a atendê-lo, mas na sequência prestou atendimento a uma cliente branca
Parece notícia repetida, mas não é. Mais uma vez a rede Carrefour Brasil se vê envolvida em uma denúncia de racismo. Desta vez, o fato ocorreu na unidade de Alphaville, quando Vinícius de Paula, marido da jogadora Fabiana Claudino, da seleção brasileira de vôlei, afirma que foi vítima de racismo dentro da unidade. O caso ocorreu na última sexta-feira (7).
Nas redes sociais, Vinícius publicou um vídeo ao lado de Fabiana e seu advogado, Hédio, contando o que ocorreu e garantiu que vai ingressar com uma ação contra o Carrefour. Vinícius contou que foi a um caixa preferencial que estava vazio e não foi atendido pois a funcionária alegou que poderia levar uma multa. Diante da situação, ele se dirigiu a outro caixa, porém, enquanto aguardava o atendimento, ele viu uma cliente branca, que não se enquadrava no atendimento preferencial, ser atendida no caixa.
“Ninguém soube explicar, mas eu sei o que aconteceu. Sei o que senti. Se o Carrefour não fosse uma empresa com histórico racista, eu ia dizer que foi simplesmente uma situação não comum. Coração está doendo”, disse Vinícius.
No mesmo vídeo, o advogado disse que o Carrefour é uma empresa que não aprende. “Uma empresa que mata negro, que humilha, que ultraja, que constrange. O que o Vinicius passou ontem é crime, está absolutamente traumatizado do ponto de vista emocional e psíquico. Pelo jeito, o Carrefour não implantou nenhum programa significativo, substantivo. Dessa vez, isso não vai passar impune”, apontou.
Através de nota o Carrefour afirmou que a colaboradora estava em período de experiência e foi afastada pela gerência. Além disso, garante que prestou apoio ao cliente. “A colaboradora, que estava em período de experiência, foi imediatamente afastada pela gerência e desligada no mesmo dia. Acolhemos o cliente no mesmo momento, tendo seguido em contato com ele desde então – e continuamos abertos ao diálogo. Lamentamos profundamente a dor causada ao Sr. Vinicius e sua família. Nossa política é de tolerância zero contra qualquer tipo de comportamento desrespeitoso”, garante à empresa através da nota. (Veja abaixo a íntegra)
Veja a íntegra da nota
“O Carrefour informa que às 15h do dia 07/04 o Sr. Vinicius teve o atendimento recusado por uma operadora de caixa na fila preferencial, sem justificativa. A colaboradora, que estava em período de experiência, foi imediatamente afastada pela gerência e desligada no mesmo dia. Acolhemos o cliente no mesmo momento, tendo seguido em contato com ele desde então – e continuamos abertos ao diálogo. Lamentamos profundamente a dor causada ao Sr. Vinicius e sua família. Nossa política é de tolerância zero contra qualquer tipo de comportamento desrespeitoso, além de promover esforços constantes na conscientização dos nossos colaboradores.
Nos últimos dois anos o Carrefour assumiu a responsabilidade de fazer uma transformação de dentro para fora no combate ao racismo estrutural no país, com investimento de mais de R$ 115 milhões, com maior foco na área de educação. Todos os nossos colaboradores são constantemente capacitados para uma postura antirracista e recentemente firmamos uma parceria com a Faculdade Zumbi dos Palmares para criação do primeiro curso de nível superior para formação de profissionais na área de segurança visando combater o racismo”.
Cachorro morto e controle de ida aos banheiros
Esse não é o primeiro caso polêmico envolvendo o Carrefour nas lojas que ficam em uma das 12 cidades da região oeste da Grande São Paulo. Em 2018, o cachorro Manchinha, que estava no estacionamento da loja em Osasco, morreu após ser envenenado e espancado por um funcionário.
A agressão ao animal resultou em uma hemorragia e em sua morte. O indivíduo respondeu em liberdade pelo crime de abuso e maus-tratos a animais. O caso ganhou repercussão nacional e dezenas de protestos. A rede de hipermercados também não socorreu o animal.
Já em 2019, a Justiça do Trabalho de São Paulo concedeu liminar pedida pelo Sindicato dos Comerciários de Osasco e Região contra o Carrefour, que estaria controlando a ida dos funcionários ao banheiro. A juíza Ivana Meller Santana, da 5ª Vara do Trabalho de Osasco, identificou condições consideradas degradantes para os trabalhadores.
De acordo com o Sindicato dos Comerciários, nas sedes de sete cidades (Barueri, Carapicuíba, Embu, Itapevi, Jandira, Osasco e Taboão da Serra), operadores de atendimento e de telemarketing são obrigados a utilizar “filas eletrônicas” para o uso do banheiro. Além disso, devem manifestar necessidade do uso, registrando o nome no sistema eletrônico de fila e avisar ao supervisor em caso de urgência.
“Este tempo de espera pode acarretar prejuízos à saúde do trabalhador. Isto sem relatar o constrangimento de precisar explicar ao monitor/supervisor as suas necessidades fisiológicas, eventuais problemas intestinais ou estomacais, os relativos ao ciclo feminino”, disse a juíza na decisão.