Na noite de terça (8), o prefeito reeleito de Cotia, Rogério Franco (PSD) participou de uma entrevista exclusiva no estúdio GiroPlay, na sede do jornal Giro S/A, em Osasco. Na conversa, estiveram presentes a diretora de redação do Giro, Cláudia Azevedo, e o editor-chefe, João Felipe Cândido.
Essa entrevista faz parte de uma série que o GiroPlay vai promover com os prefeitos eleitos das 11 cidades da região oeste da Grande São Paulo que fazem parte do Cioeste. Já foram entrevistados Rogério Lins (Pode), de Osasco; Dr. Sato (PSDB), de Jandira e Marcos Tonho (PSDB), de Santana de Parnaíba.
A seguir, confira os melhores momentos do encontro. O link da entrevista completa está no final da reportagem.
Prefeito, todas as pesquisas de intenção de voto das eleições municipais realizadas pelo Instituto MAS e divulgadas pelo Giro S/A foram assertivas. No caso de Cotia, os números acabaram sendo questionados por não estar dentro da margem de erro de cinco pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa de 12 de novembro apontava a sua vitória com 63% dos votos, porém, você foi reeleito com quase 50% dos votos válidos. O cientista político Marcos Agostinho responsável pelo Instituto MAS, explicou que a divulgação de uma decisão judicial sobre um processo da eleição passada, exibida pela Rede Globo um dia antes do pleito, pode ter influenciado o resultado. Você acredita que foi isso que aconteceu, mesmo que você tenha tido o direito jurídico de concorrer ao pleito?
Nos últimos dias do período eleitoral, recebemos algumas pesquisas, e a gente tinha realmente um número maior do que aquele que as urnas apontaram. Porém, Cotia foi um caso a parte: realmente aconteceu esse fato, o processo de cassação no TRE, e o processo político tem algumas inverdades que acontecem no caminho. Faz parte, mas parte da população fica preocupada. Realmente, estávamos respondendo a um processo de cassação do registro de 2016. Foi uma armação política que fizeram na cidade, tanto que anulamos a sentença algumas vezes. Aconteceu que eles pautaram esse processo na semana da eleição. O julgamento foi o seguinte: nós tivemos 6 a 0 pela elegibilidade, ou seja, eu não fiquei inelegível. E 4 a 2, nós perdemos, pela cassação do registro de 2016. Ainda tem recurso no TSE, mas esse processo perde objeto agora em 31 de dezembro, porque, como era um processo do registro de 2016, que é o mandato que se finda no dia 31 de dezembro desse ano. Só que a oposição, o que é natural, não vai explicar isso para a população. Eles falam: “o prefeito está cassado!”. E a população está trabalhando, cuidando de sua vida, e não se preocupa em pesquisar isso juridicamente, o que acontece com esse fato. Tanto é que nosso registro foi deferido pela Justiça Eleitoral, estava tudo certinho. Nós fomos eleitos. Se buscar no site do TSE, nós estamos deferidos, não teve problema nenhum.
O que aconteceu foi que a Globo, a dois dias do pleito, divulgou que o prefeito de Cotia estava cassado e o apresentador ainda disse o seguinte: ‘tomem cuidado em votar em quem está cassado’. Ou seja, sem explicar qual foi o ponto e também sem dizer que a gente estava elegível. Isso deu uma confusão na cabeça do eleitor e nós tivemos uma perda muito grande de eleitorado que estava a favor do nosso governo. Mas é compreensível, pelo fato não ter sido explicado. E aí, você a dois dias da eleição, não tem tempo de explicar para a população, até porque a cidade não tem rádio e televisão, precisamos ir no boca a boca e nos canais de comunicação, mas o prazo era muito curto. Os canais, quando recebem uma informação como essa, precisam checar a veracidade da informação e não deu tempo. Mas como a gente estava muito bem avaliado, graças à população da cidade, eu costumo dizer que o nosso governo tinha gordura positiva grande, mesmo com essa perda na última semana, ainda nos levou à vitória e nós tivemos mais de 57 mil votos, que agradeço, e reafirmo: vamos fazer um segundo mandato muito melhor do que o primeiro, trabalhando para transformar nossa cidade”.
Diante da maior crise sanitária e econômica da história recente do Brasil, que medidas o senhor pretende colocar em prática para fomentar a economia da cidade de Cotia, bem como gerar empregos?
Nós estamos fazendo alguns estudos financeiros e jurídicos para vermos qual é a melhor forma ajudar primeiramente as pessoas e as empresas que já estão na cidade, isentando de taxas e fazendo o que for necessário para que a gente possa minimizar os impactos financeiros nas empresas e comércios da cidade, para que a gente possa manter esse ativo econômico pelo menos aceso, apesar de algumas empresas já terem fechado por conta de tudo isso. Quando estávamos finalizando isso, veio essa segunda onda de covid-19, toda essa questão que a gente ainda não sabe como vai ficar, apesar de a vacina estar muito próxima, acredito muito que vamos conseguir resolver nos próximos dias ou meses a questão da vacinação para que as cidades voltem. Então, estamos buscando leis de incentivo à indústria, preparando legislação para o começo do ano que vem, para que possamos isentar algumas empresas de alguns impostos, ou parcelar esses impostos, e que a gente possa reativar a economia do nosso município de uma forma orgânica, crescendo e gerando emprego pra minimizar os impactos da pandemia na vida das pessoas.
Prefeito, na nova edição da revista Exame, há um grandioso estudo elaborado pela consultoria Urban Systems, sobre as melhores cidades do país para fazer negócios. A cidade de Cotia figura entre as 100 melhores do país em quatro importantes setores da economia: comércio (40ª posição), serviços (92º), mercado imobiliário (47º) e educação (37º lugar). A que o senhor atribui esses índices tão positivos?
Tem vários fatores que contribuíram para que a gente atingisse esse objetivo de colocar Cotia num dos patamares a nível nacional de uma cidade para se investir, para gerar negócios. Um dos pontos importantes é o modelo de gestão que nós implantamos, investindo em infraestrutura, com leis de incentivo a novas indústrias, novos comércios. Ontem, por exemplo, eu participei da inauguração do Atacadão, que está gerando mais de 600 empregos. Tenho feito contato diariamente com empresários, tentando atrair empresas para a cidade de Cotia. Temos um plano de mobilidade que traz muita credibilidade a isso. Na questão educacional, temos bons colégios particulares na cidade, e temos uma educação de qualidade também na rede pública, apesar de faltar muito ainda para se investir e para se fazer, mas temos conseguido atingir nossos objetivos dentro do limite dos investimentos e do que é possível ser feito. Temos também a localização da cidade, que é importante: estamos na Grande São Paulo, próximo do Rodoanel. Então, esse conjunto de fatores acaba atraindo investidores. E me sinto muito honrado em ser prefeito nesse momento, onde Cotia se projeta como uma das melhores cidades do país para empresários, para se investir e também para morar.
O senhor, a exemplo de outros prefeitos de municípios da região oeste da Grande São Paulo, como Osasco e Santana de Parnaíba, pretende congelar o IPTU em 2021 ou tem algum plano de anistia de impostos?
Nós vamos fazer a anistia a partir do ano que vem. Este ano não é possível, até por conta da legislação, pois estamos em um ano eleitoral. Estamos fazendo um estudo para apresentar uma anistia, com parcelamento para quem não pode honrar os impostos. Também, algumas outras ações para ajudar as pessoas, por exemplo, para as crianças da rede municipal, nós criamos o kit merenda, então essas crianças recebem cesta básica enquanto tiver pandemia. Tem muita criança que vai pra rede pública não apenas para estudar. Em alguns casos, o pai está desempregado, a mãe está desempregada, e não tem condições de dar uma alimentação saudável para essas crianças. Preocupados com isso, implantamos o kit merenda. São mais de 30 mil famílias recebendo uma cesta básica, e esse é um projeto muito importante e que atende a necessidade de famílias mais carentes de Cotia.
Qual é o orçamento previsto para Cotia em 2021?
Nós estamos trabalhando na faixa de R$ 920 a 950 mi de orçamento, mais ou menos o que tivemos em 2020. É claro que esperamos que a economia retome, que as coisas continuem andando, porque se realmente tivermos um impacto muito grande na economia, é natural que os municípios tenham impacto em suas receitas, e então precisaremos rever todo o plano de investimento, o plano de ações nos municípios. Mas, hoje estamos trabalhando com pelo menos manter o orçamento de 2020.
Prefeito, é notório que em seu próximo mandato, você terá uma oposição maior em relação à gestão que está terminando. Dos 15 vereadores eleitos, quatro fazem parte da oposição. Você acredita que poderá ter mais dificuldade na aprovação de projetos?
Não acredito por alguns motivos. Um deles é o seguinte: os vereadores que foram eleitos são representantes das suas comunidades, da população que acreditou neles. Como foi no primeiro mandato será no segundo. Não teve um projeto de lei que eu encaminhei para a Câmara Municipal que não fosse pelo benefício da população. Foram sempre projetos de lei para avançar nossa cidade, para que a gente melhore a educação, a saúde, novos investimentos, infraestrutura. Independente de serem eleitos na situação ou na oposição, os vereadores tem essa responsabilidade em comum com o Executivo. É claro que algumas discussões têm concordâncias e discordâncias, isso é natural. Mas todos os 15 vereadores serão tratados com respeito, e vão ter meu carinho e minha responsabilidade para que eles possam também atender a demanda daqueles que acreditaram neles e deram voto de confiança. Eu acredito que vamos ter uma boa relação, é claro que respeitando os limites dos dois poderes, mas o objetivo em comum é melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Prefeito, antes da pandemia, o senhor havia anunciado um ambicioso plano de metas de 200 obras. Certamente a pandemia atrapalhou algumas dessas obras. Que balanço o senhor faz até o momento?
Mesmo com pandemia, nós não finalizamos todas, mas conseguimos superamos esse plano ambicioso. Reforma de escola foram mais de 60; construção de praças, áreas de convivência e lazer foram mais de 45, com pista de caminhada, academia ao ar livre, quadra poliesportiva, playground, tudo isso. Nas creches, conseguimos ampliar as vagas. Ano que vem, vamos começar com 1500 vagas a mais nas creches municipais e vamos começar o ano com filas zeradas que era um sonho. Isso independeu do resultado da eleição: quem assumisse, teria uma cidade com demandas zeradas, e isso é muito importante. Isso foi resultado de trabalho: construção do Pronto-Socorro infantil em andamento, asfalto novo, iluminação, são várias ações que colocamos para superar esse número de 200. A única exceção foi de um plano suspenso: paramos a construção do Teatro Municipal, porque no local onde ia ser construído, tivemos que implantar o hospital de campanha. Mas a obra está licitada, com verba reservada, e no ano que vem vamos iniciar e será um sonho realizado para a cidade de Cotia, e daremos oportunidade a artistas de vários segmentos, que muitas vezes sentem falta de espaço e de um olhar diferente do poder público.
Tínhamos questões de educação, saúde, transporte público, coisas que tivemos que priorizar, mas não deixando de lado a cultura, que é uma área que temos que olhar com carinho, pois temos muitos artistas em nossa cidade. Temos uma legislação nova e vamos investir nos artistas em parceria com governo federal, para que essas pessoas consigam se apresentar, mostrar seus trabalhos para a população, para a cidade, para o estado, para o país. O céu é o limite para a cultura.
Prefeito, estamos acompanhando o crescimento do número de casos, internações e óbitos por covid-19 em todo o Brasil. O Rio de Janeiro alcançou, hoje, 100% de ocupação dos leitos na rede privada. Como está a situação em Cotia? Com qual tendência a prefeitura trabalha para as próximas semanas?
Pelo que vemos, pelas demandas em nossos três pontos de atendimento (Caucaia, Central do Atalaia e Granja Vianna), teoricamente está tranquilo, mas com essa pandemia não temos previsão do que vai acontecer. Quando iniciou a pandemia, tivemos uma resposta rápida para enfrentar a covid-19. Nós montamos o hospital de campanha com 50 leitos em 15 dias. Nós equipamos com respiradores, que inclusive fiz requisição administrativa em uma empresa que produzia respiradores em nossa cidade, e eu fui alvo de críticas da grande mídia e até do Ministro da Saúde naquele momento, que era Luiz Henrique Mandetta. Ele disse, em rede nacional: ‘o prefeito tem responsabilidade, mas nós temos o país para cuidar’. Ele era ministro da saúde, tinha cuidar do país, e eu precisava cuidar do meu povo. Eu fiz o que tinha que ter feito e faria tudo de novo para salvar a vida das pessoas, porque o único remédio que temos, ainda, é respirador para paciente que chega em uma situação mais crítica.
Preparei chamamento para cadastrar algumas unidades de UTI da rede privada para que possamos ter esses equipamentos disponíveis. Estou em fase de contratação dos leitos. Na cidade temos um equipamento que é da rede São Camilo. É um hospital desativado mas que está com todos os leitos de UTI equipados. Estou fazendo a contratação para deixar esses leitos disponíveis e vamos pagar apenas os leitos que usar pela tabela SUS. Cotia já saiu na frente, vamos ter esses leitos disponíveis e vamos atuar muito rápido se for necessário, com equipes de desinfecção que continuam nas ruas, se precisar ampliar vamos ampliar, e com ações que sejam necessárias para que a gente possa proteger a população. (…) As pessoas precisam sobreviver, têm conta pra pagar. Tem muito comércio que esperava o final de ano para pagar as contas do início da pandemia. Como fechar esses comércios de novo, gente? Temos que acompanhar ciência, estudos, mas também temos que ter sensibilidade que pessoas têm que sobreviver. Fechar comércio, hoje, é matar as pessoas de fome, e não de covid. Tem que manter os protocolos de segurança, não precisa explicar mais nada para ninguém. Precisa ter distanciamento, usar máscara, álcool em gel e precisa ter cuidado, mas também precisa ter atividade econômica. Não é apenas governo federal, estadual, municipal. Quando falo em atividade comercial falo da vida das pessoas. As pessoas precisam trabalhar para pagar suas contas. O auxílio-emergencial está acabando. O país não tem reserva financeira para bancar isso por muito tempo. Precisamos parar de pensar em eleição à presidência, quem vai ser candidato, quem é o favorito; é pensar em conjunto, governo federal, governos estaduais e municípios para ter solução em conjunto para enfrentar tudo isso.