Nesta quarta-feira (3), começou a distribuição das primeiras doses da vacina Abrysvo – produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a Pfizer -, incorporada em 2025 ao Calendário Nacional de Vacinação da Gestante, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI). O imunizante protege os recém-nascidos contra doenças provocadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR), como bronquiolite e pneumonia.
A dose é única e aplicada a partir da 28ª semana de gestação, de modo que as crianças já nasçam imunizadas contra o VSR. Segundo informações do Ministério da Saúde, a partir do recebimento das doses pelos Estados e municípios, a disponibilização nos postos de saúde será imediata.
“A vacina tem o potencial de prevenir cerca de 28 mil internações por ano, o que também representa um grande benefício para o sistema de saúde como um todo”, afirma Adriana Ribeiro, diretora médica da Pfizer Brasil.
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A vacina já vem sendo disponibilizada por clínicas particulares desde setembro de 2024, tanto para as gestantes elegíveis – de 24 a 36 semanas de gestação, conforme a aprovação regulatória no Brasil-, quanto para os idosos. Atualmente, a Abrysvo é a única vacina aprovada no Brasil para imunização dos três grupos populacionais mais vulneráveis às infecções pelo VSR: bebês, idosos e adultos com comorbidades.
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SUS terá vacina contra VSR pela 1ª vez
O Instituto Butantan completou a entrega de 1,8 milhão de doses da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Além da remessa de doses, a ação prevê a transferência tecnológica da vacina para o instituto e a produção nacional de até 8 milhões de doses anuais a serem ofertadas à rede pública de saúde.
“O Butantan vai produzir todo o produto, desde o IFA [Ingrediente Farmacêutico Ativo], até o imunizante acabado no nosso complexo industrial, que é um preceito da PDP. Iniciando o primeiro fornecimento, já começaremos a transferência de tecnologia, que já está planejada junto com o parceiro”, ressalta Tiago Rocca, diretor de Novos Negócios do Butantan.

Vacina é eficaz na proteção contra bronquiolite
De acordo com o Ministério da Saúde, o imunizante contra o VSR deve beneficiar, aproximadamente, 2 milhões de bebês nascidos vivos, segundo o Ministério da Saúde. Após ser administrada em mulheres grávidas, ele demonstrou 81,8% de eficácia em recém-nascidos durante os primeiros três meses de vida, segundo estudo clínico de fase 3 publicado na The New England Journal of Medicine.
“Essa vacina promove imunização ativa na gestante, com o objetivo de gerar anticorpos e passagem dos anticorpos maternos pela placenta ou pelo leite materno aos recém-nascidos, a chamada imunização passiva”, afirma Carolina Barbieri, gerente médica do Butantan.
Porque o VSR é perigoso
O Vírus Sincicial Respiratório ataca as vias respiratórias e os pulmões, sendo transmitido por tosse, espirros e objetos contaminados. Seus sintomas lembram o de um resfriado na maioria das pessoas, mas a doença tende a se agravar em bebês e crianças pequenas por questões imunológicas.
O VSR é responsável por 80% dos casos de bronquiolite (infecção nos bronquíolos, por onde se transporta o ar para os pulmões) e 60% das pneumonias (inflamação nos pulmões causada por bactérias, vírus ou fungos) em crianças com menos de dois anos. A cada cinco crianças infectadas, uma necessita de atendimento ambulatorial e, em média, uma em cada 50 acaba hospitalizada no primeiro ano de vida, segundo o Ministério da Saúde.
“O VSR causa inflamação dos bronquíolos, o que diminui a passagem de ar e pode causar dificuldades respiratórias e hospitalizações. Nas crianças muito pequenas, o quadro é mais grave porque as ramificações dos bronquíolos são ainda menores, dificultando a passagem de ar, causando crise de sibilância (chiado no peito) e insuficiência respiratória, que pode levar a óbito”, afirma Carolina.
“Outro fator que agrava a doença nos bebês é o acúmulo de secreções nas vias aéreas, que tende a ser mais difícil de ser removida pela dificuldade de assoar o nariz e de mobilizar as secreções nas vias aéreas deles”, completa a pediatra.
Até outubro de 2025, o VSR foi responsável por 40,6% dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) que exigiram internação em crianças menores de dois anos, de acordo com o Boletim InfoGripe.
Como forma de prevenir a infecção nos bebês, mais vulneráveis ao vírus, o imunizante será indicado para as gestantes a partir da 28ª semana de gestação.
“Os estudos clínicos indicam que neste prazo a vacina é segura para gestantes e promove tempo hábil de produção de anticorpos e o repasse deles para o bebê. Porém, a vacina precisa ser tomada até 14 dias antes do parto para garantir a proteção adequada para a criança”, alerta a médica.

Cenário epidemiológico
Os dados mais recentes para o ano epidemiológico de 2025 apontam que o VSR se manteve como a causa mais frequente de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no Brasil, detectado em 39% dos diagnósticos com resultado positivo para algum vírus respiratório. Ao longo do ano, as crianças pequenas, menores de 2 anos, concentram os casos de hospitalizações provocadas pelo vírus.
A forte presença do VSR no cenário epidemiológico brasileiro reforça os dados da literatura médica sobre o tema. Nos menores de 2 anos de idade, o VSR é responsável por até 40% das pneumonias e 75% dos quadros de bronquiolite – uma inflamação aguda das ramificações que conduzem o ar para dentro dos pulmões, podendo causar quadros graves, que demandam internação.
Globalmente, infecções por VSR também constituem uma das principais causas de mortes em bebês. Altamente contagioso, o VSR está associado a surtos em ambientes hospitalares, sobretudo em unidades neonatais, com elevada morbimortalidade. Estima-se que o VSR seja responsável por 66 mil a 199 mil mortes por ano em menores de 5 anos no mundo.
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