Políticos com forte atuação em cidades da região oeste da Grande SP e alguns do cenário nacional criticaram a forma adotada, pelo governo do estado de São Paulo, para fazer a reintegração de posse de moradores da Vila Municipal, em Carapicuíba. A ação para remoção das famílias estava agendada para esta quarta-feira (25), mas houve um grande tumulto no local na noite de terça-feira (24), quando os primeiros moradores começaram a deixar o espaço. A avenida Doutor Eduardo Cunha de Abreu foi bloqueada após pessoas atearem fogo em objetos deixados na pista.
O deputado estadual, Emidio de Souza (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos na Assembleia Legislativa de São Paulo, usou as redes sociais para manifestar apoio aos moradores e denunciou que houve excessos por parte das forças policiais. “É lamentável as imagens de agentes da PM agredindo famílias que estão sendo expulsas de suas casas na Vila Municipal em Carapicuíba”, comentou.
O vereador Emerson Osasco (Rede), esteve no local e comentou o episódio, além de criticar o valor destinado para o auxílio. “Hoje, quem ganha um salário mínimo tem dificuldades, imagina uma pessoa com R$ 400?”, questionou.
O ex-candidato a presidente, Guilherme Boulos (Psol), usou as redes sociais para cobrar uma ação do governador do estado de SP, Rodrigo Garcia (PSDB). “Mais de 400 famílias estão prestes a ser despejadas na Vila Municipal em Carapicuíba, mesmo com a ADPF 828 do Supremo Tribunal, que suspende despejos a pandemia”, alertou.
O ex-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), também falou sobre o ocorrido e lembrou que o estado sofre com o aumento da população em situação de rua. “Minha total solidariedade aos moradores de Carapicuíba. Estamos em um período de muito frio, ainda estamos em pandemia. A gente espera bom senso da população até para evitar que essas famílias vão para as ruas”, apontou.
Manifestação
Na segunda-feira (23), os moradores da Vila Municipal fizeram uma manifestação solicitando que a reintegração fosse cancelada e que houvesse uma nova negociação para beneficiar as famílias que vivem no local. Segundo a administração, existem laudos técnicos apontando riscos de nível 4 de 5, podendo ocorrer deslizamentos, solapamento, entre outros, devido à declividade de 45% e trepidação causada pelo fluxo dos trens da CPTM.
Quem passa pela avenida não consegue identificar os riscos, mas do outro lado é possível ver o perigo de deslizamentos. Em 2019, por exemplo, houve a queda de um muro da CPTM e casas tiveram de ser desocupadas para a segurança dos moradores.
Decisão da Justiça
No local vivem 1.294 famílias, mas a reintegração de posse refere-se a 406, conforme consta no processo (Nº 10011033-45.2021.8.26.0127). De acordo com a determinação judicial, as famílias têm até o dia 24/05/2022 para saírem voluntariamente e aderirem aos atendimentos habitacionais. A reintegração de posse está marcada para o dia 25/05/2022.
Após o cumprimento da decisão judicial, o Governo do Estado e a Prefeitura de Carapicuíba darão início a todo processo burocrático e legal das obras do viaduto. Antiga reivindicação da população da cidade, que vai proporcionar mais desenvolvimento, geração de emprego e agilidade de locomoção dos munícipes.