Mais de 100 quilômetros. Esse é o tamanho da mancha anaeróbica, na qual o índice de qualidade de água varia entre ruim e péssimo, do Rio Tietê. Dentro dessa mancha que está localizada entre Itaquaquecetuba e Cabreúva estão os municípios da região: Barueri, Osasco, Santana de Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus.
Segundo o especialista em Ecologia e Recursos Naturais, Magno Botelho Castelo Branco, atualmente 86% do esgoto das cidades que compõem a Grande São Paulo é coletado, porém, apenas 59% é tratado antes de ser despejado no rio. “Precisamos ampliar a coleta e o tratamento do esgoto. Estamos em uma região com mais de 22 milhões de pessoas, então, muito esgoto ainda é lançado sem tratamento no rio”, explicou revelando que nos últimos anos foram adotadas medidas para a remoção de poluentes do rio, mas, que é necessário um envolvimento maior por parte da população e dos governantes. “Foram R$ 10 bilhões de investimentos. Esse dinheiro não foi perdido, pois tivemos melhoras, porém, só resolveremos o problema quando pararmos de lançar o esgoto. Com o tempo o rio se autodepura e no futuro podemos ter uma situação de um rio limpo como aconteceu em Londres e Paris”, completou.
Para Botelho além de recursos financeiros é necessário vontade política para resolver a questão da despoluição do Tietê. “Precisamos investir em obras, no entanto, essas intervenções não são visíveis, pois são obras que passam por debaixo da terra e pode não dar o retorno que muitos desejam”, enfatizou lembrando que ações habitacionais também precisam ser realizadas pelas cidades e governo do Estado. “Infelizmente, muitas famílias carentes acabam ocupando locais onde o Estado não se faz presente, com isso, além da falta de saneamento, não temos rede de coleta e tratamento de esgoto”, pontuou.
O especialista ainda diz que o sonho de ver o Tietê limpo e servindo para atividades de recreação e transporte de pessoas e cargas deve demorar. “Essa será uma realidade para gerações futuras, mas, a população deve se envolver. Todos podem contribuir para a despoluição, por exemplo, utilizando menos detergente e outros produtos de limpeza, fazendo assim, que menos fósforo tornando as águas menos tóxicas”, finalizou Botelho.
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Ampliação da ETE Barueri
A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) informou que deve concluir até o final de 2018, a ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto de Barueri (ETE) que terá a capacidade expandida para 16 mil litros por segundo. Para isso, a companhia investirá na implantação de cerca de 170 km de tubulações, entre interceptores, coletores-tronco e redes coletoras, que têm a função de retirar os efluentes dos imóveis e transportá-los para a estação de tratamento, dos quais 52% já executados, estando o restante contratados e em fase de implantação de obras até 2020. Atualmente, a Estação que é responsável pelo tratamento de esgoto da região tem capacidade para 12 mil litros, que corresponde a tratar esgotos de 5,6 milhões de moradores.