Entidades de saúde alertam para a necessidade de manter as vacinas em dia apesar da pandemia. “A não atualização do calendário vacinal de crianças pode impactar nas coberturas vacinais, colocando em risco a saúde de todos, especialmente frente à situação epidemiológica do sarampo, febre amarela e coqueluche que vivenciamos atualmente”, diz a nota conjunta da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
A OMS lançou um comunicado em abril destacando os riscos da perda de cobertura vacinal. “Quando são interrompidos os serviços de imunização, mesmo que durante curtos períodos de emergência, aumenta o risco de surtos de doenças evitáveis com a vacinação, como o sarampo e a poliomielite”.
Avanços e retrocessos
Nos últimos anos, o Brasil tem apresentado avanços e retrocessos em relação a imunização, explica a pediatra Bárbara Furtado, gerente de vacinas da empresa farmacêutica GSK. “Em 2016, a gente chegou a pior cobertura vacinal da última década. Foi quando a gente viu as coberturas vacinais caindo”, ressaltou, contrapondo com os sucessos do país, como a erradicação do sarampo e da poliomielite, chamada popularmente de paralisia infantil.
O país chegou a registrar a erradicação do sarampo em 2016, porém apresentou casos em 2019. Segundo Bárbara, o Brasil já enfrentava problemas com outras doenças. “Não por acaso a gente teve em 2017 os surtos de febre amarela, encontrando uma população não vacinada. Mesmo nas áreas em que a vacinação de febre amarela é de rotina”, ressaltou.
A especialista aponta que esses outros vírus continuam sendo um risco. Neste ano, já foram registrados em todo o país 3,6 mil casos de sarampo, segundo o último balanço do Ministério da Saúde.
“Apesar de não termos caso hoje no Brasil, nós temos países que ainda têm casos de paralisia infantil. E o mundo está globalizado, a gente não precisa sair da nossa cidade para ter contato com essas doenças”, acrescenta para enfatizar como a falta de vacinação pode facilitar a volta de doenças com sintomas graves.
Cuidados
A imunização deve ser feita de acordo com as medidas para evitar a disseminação da Covid-19. “Procure o posto de saúde mais próximo, para evitar o deslocamento”, ressalta. Além disso, Bárbara recomenda a verificação da existência de horários diferentes para cada faixa de população que será vacinada naquela cidade. Em alguns locais, foram disponibilizados horários específicos para idosos e outros grupos de risco da doença.