Cientistas ligados ao Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM) e a quatro universidades públicas desenvolveram uma calculadora on-line gratuita que ajuda a identificar sintomas de depressão e outros transtornos mentais. A ferramenta se baseia nas respostas dos usuários aos 13 itens do Questionário Breve de Humor e Sentimentos (SMFQ, na sigla em inglês) e indica a probabilidade de enquadramento em diagnósticos psiquiátricos.
O CISM é um Centro de Pesquisa Aplicada (CPA) financiado pela FAPESP, em parceria com o Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP (FM-USP). A Calculadora Transdiagnóstica SMFQ foi desenvolvida a partir de um estudo com 1.905 jovens entre 14 e 23 anos, participantes da Coorte Brasileira de Alto Risco para Condições Mentais (BHRC), projeto que investiga as origens genéticas e ambientais de transtornos mentais e completa 15 anos de atividades em 2025.
A escala SMFQ avalia o estado emocional das pessoas nas duas semanas anteriores, com perguntas como “Eu me senti sozinho”, “Eu chorei muito” e “Eu fiz tudo errado”. As respostas — “não é verdade”, “às vezes” ou “verdade” — recebem pesos diferentes, gerando uma pontuação final (escore-T), que mede a distância de uma pessoa em relação à média da população.
Com base nesses escores, a calculadora estima a probabilidade de o usuário apresentar depressão, ansiedade, pânico/agorafobia ou estresse pós-traumático. Se a pontuação ficar abaixo dos limites definidos, o resultado indica ausência ou baixo nível de sintomas.
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O estudo, publicado em agosto no Journal of Psychiatric Research, foi conduzido por Gabriele dos Santos Jobim, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com participação de pesquisadores da USP, UFRGS e Unifesp. O trabalho teve supervisão do professor Mauricio Scopel Hoffmann (UFSM e CISM), além da colaboração dos cientistas Euripedes Constantino Miguel, Luis Augusto Rohde, Rodrigo Affonseca Bressan, Pedro Mario Pan e Giovanni Abrahão Salum.
Um dos diferenciais da ferramenta é o uso da Teoria de Resposta ao Item (TRI), método estatístico que atribui pesos diferentes às perguntas, tornando a avaliação mais precisa que a Teoria Clássica dos Testes (TCT), que soma os pontos de forma simples.
Segundo Hoffmann, o objetivo é apoiar a prática clínica e ampliar o acesso à triagem de transtornos mentais, especialmente em países de baixa e média renda, como o Brasil.
“Ao integrar uma calculadora sintomática na prática clínica, profissionais de saúde podem economizar tempo e recursos, ajustando suas avaliações com base em diagnósticos mais prováveis”, explica o professor.
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