Nesta segunda-feira (11), o presidente Jair Bolsonaro se manifestou sobre a possibilidade de divulgação, na íntegra, do vídeo de uma reunião, realizada no dia 22 de abril, entre ele, o vice-presidente Hamilton Mourão, ministros e presidentes de bancos públicos. A reunião foi citada pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro em depoimento realizado no dia 2 de maio, no inquérito que apura as declarações do ex-ministro sobre suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal (PF). O presidente nega.
“O que eu espero que aconteça, numa normalidade, é extrair do vídeo a parte que interessa ao inquérito, para saber se houve alguma interferência minha na Polícia Federal ou não”, afirmou a jornalistas, no Palácio do Alvorada, residência oficial.
O presidente destacou que os outros assuntos tratados durante a reunião são temas reservados. “O restante [da reunião], eu tratei de política internacional. Não é justo alguém achar que deve divulgar isso daí, eu tratando de política internacional, que obviamente você trata isso de maneira bastante clara, ali naquele reunião. Caso fosse numa conferência, num evento, não seria tratado da forma bruta como foi ali”, acrescentou Bolsonaro.
O presidente disse que a gravação em vídeo só ocorreu para aproveitar imagens das autoridades. “Não é um vídeo oficial, mas [fornecemos] para comprovar que nada devemos no tocante ao inquérito”.
Segundo Moro, em seu depoimento, o presidente Jair Bolsonaro teria o pressionado, durante a reunião ministerial, para demitir o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. A demissão do delegado, formalizada dia 24 de abril, acabou levando o ex-ministro a também deixar o governo.
O inquérito tem como relator do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). Por determinação do magistrado, a PF vai exibir o vídeo somente para os envolvidos na investigação. A exibição deve ser realizada amanhã (12), na sede da PF em Brasília. Deverão estar presentes os representantes da Procuradoria-Geral da República (PGR), os delegados responsáveis pela investigação, a Advocacia-Geral da União (AGU), representando o presidente, Sergio Moro e seus advogados, além de um juiz auxiliar de Celso de Mello, relator do inquérito no STF.