Na segunda-feira (22) foi celebrado o Dia do Rio Tietê, um dos principais cursos d’água de São Paulo, que corta o estado de São Paulo. Com 1.136 quilômetros de extensão, a partir da nascente em Salesópolis, o rio atravessa áreas urbanas, industriais, de produção agropecuária e geração hidrelétrica. Em seu percurso, banha 62 municípios paulistas – entre eles Osasco, Barueri, Santana de Parnaíba, Pirapora do Bom Jesus e a capital – até desaguar no Rio Paraná, em Itapura, na divisa com o Mato Grosso do Sul.
Além de ser parte da história do desenvolvimento paulista, o Tietê ainda exerce papel estratégico no transporte de cargas e no turismo, especialmente na Região Oeste da Grande São Paulo. No entanto, sua condição segue alarmante devido à má qualidade da água.
O mais recente relatório “Observando o Tietê”, divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica na quinta-feira (18), revelou que, embora a mancha de poluição tenha recuado de 207 km em 2024 para 174 km em 2025 – queda de 15,9% –, houve piora nos pontos considerados de boa qualidade. Eles passaram de três para apenas um, representando 1,8% do total. A maioria continua classificada como regular (61,8%), ruim (27,3%) ou péssima (9,1%). Mais uma vez, não houve registros de águas em estado ótimo.
Na Região Oeste, o trecho próximo a Alphaville, em Santana de Parnaíba, foi avaliado como um dos mais críticos. Já nas imediações do Rio Pinheiros, na capital, a qualidade foi considerada péssima.
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O levantamento monitorou 55 pontos em 41 rios da bacia do Tietê, com apoio de universidades e técnicos da Fundação. A coleta foi realizada por 46 grupos de voluntários em 24 cidades, com base no Índice de Qualidade da Água (IQA), que avalia parâmetros físicos, químicos e biológicos.
“Há uma redução da mancha para 174 km, mas acompanhada da menor extensão de água boa da série. A piora observada em 2024 não é um fato isolado, mas parte de uma tendência de retrocesso iniciada em 2022. Apesar de oscilações anuais, a qualidade do Tietê permanece vulnerável, sem sinais consistentes de recuperação”, destacou Gustavo Veronesi, coordenador do projeto Observando os Rios, da SOS Mata Atlântica.
O estudo lembra que a bacia teve um ciclo de recuperação entre 2016 e 2021, quando os trechos classificados como regulares e bons aumentaram e a mancha de poluição atingiu 85 km, o menor patamar recente. A partir de 2022, porém, o quadro se inverteu: a mancha voltou a crescer, chegando a 207 km em 2024, enquanto os pontos de água boa diminuíram.
A situação se agrava diante de fatores adicionais, como a redução das chuvas – de 2.050 mm em 2010 para apenas 1.072 mm em 2024 –, o que prejudica a diluição de poluentes. Também pesaram incidentes como o rompimento de um interceptor de esgoto na Marginal Tietê, em julho, e despejos irregulares no Pinheiros e no próprio Tietê, em junho e agosto.
Ações de melhoria no Tietê na Região Oeste


O Programa prevê, também, o incremento de 1.568.087 novos domicílios na região do Alto Tietê até 2026 e 2.218.243 até 2029 (Uelson Henkell/Giro S/A)
À reportagem do Giro S/A, a Sabesp informou que participa do “IntegraTietê,” maior iniciativa de saneamento do Brasil. O programa promove mais qualidade de vida, saúde e desenvolvimento sustentável a milhares de pessoas por meio da revitalização do principal rio paulista, bem como na universalização da coleta e tratamento de esgoto nas cidades onde atua, nas áreas ao redor do Rio Tietê e seus afluentes.
Atualmente, na capital e Grande São Paulo estão sendo executados 42 conjuntos de obras que incluem a instalação de novas tubulações, estações de bombeamento e a ampliação de seis Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs). Por meio do projeto, já foram assinados 48 contratos para a primeira fase do programa.
“Estão em andamento, nesta primeira fase do programa, três contratos de obras no município de Barueri, contemplando a implantação de 66 km de tubulações de esgoto e dois novas estações de bombeamento. O investimento nessas obras é de R$ 560 milhões”, explicou a Sabesp.
Para a reportagem, a empresa explicou que na segunda fase do “IntegraTietê”, vem atuando no planejamento e elaboração de contratações de obras que beneficiarão, além de Barueri, Osasco e Santana de Parnaíba, os municípios de Caieiras, Cajamar, Carapicuíba, Cotia, Francisco Morato, Franco da Rocha, Itapevi, Jandira.
Além disso, em Osasco, a companhia já contratou dois novos conjuntos de obras para a implantação de 80 km de tubulações de esgoto e seis novas estações de bombeamento. O investimento total nessas obras será de R$ 650 milhões.
No primeiro ano do programa, a Companhia realizou um acréscimo de 211 mil imóveis conectados ao sistema de coleta e tratamento de esgoto, o que representa mais de 640 mil pessoas beneficiadas apenas na Grande São Paulo.
“Destacam-se, também, a ampliação da capacidade de tratamento das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) do ABC, Barueri, Parque Novo Mundo, São Miguel e Suzano que, juntas, passarão dos atuais 24,5 m³/s de capacidade para 41,2 m³/s, um aumento de 68%. Outras três estações em Guarulhos terão sua produção expandida de 0,5 m³/s para 1,5 m³/s, ou 200%”, diz a empresa.
O Programa prevê, também, o incremento de 1.568.087 novos domicílios na região do Alto Tietê até 2026 e 2.218.243 até 2029, beneficiando, sobretudo, o trecho do rio que passa pela Grande São Paulo.
“A Sabesp ressalta que a revitalização de rios, praias e represas depende de várias iniciativas, além da ampliação do saneamento básico, como o desassoreamento, a recuperação de fauna e flora e a correta destinação do lixo, que não deve ser jogado nas ruas. Esse material poluente é arrastado pela chuva para dentro de córregos, rios e para o mar”, finaliza.
Novo Parque

Parque foi anunciada pelo Governo do Estado de SP (Divulgação/Governo do Estado de SP)
O projeto do Parque Salesópolis prevê a criação de dois núcleos de lazer — o Núcleo Nascentes e o Núcleo Ponte Nova — interligados por uma via de conexão e acessos dedicados. A Via de Acesso Nascentes, com 5,8 km, e a Via de Acesso Ponte Nova, com 7,4 km, serão pavimentadas com blocos ecológicos intertravados e contarão com ciclovia e calçadas para pedestres.
O Núcleo Nascentes será reformado em uma área de aproximadamente 1.365.300 m², incluindo a revitalização do Pavilhão Ruy Ohtake, que contará com café, sala audiovisual, auditório e espaço de exposições. O Centro de Visitantes também será reformado, oferecendo guarita, estacionamento e trilhas para o público.
Já o Núcleo Ponte Nova será destinado a esportes e lazer, com cinco blocos de churrasqueiras, uma quadra de vôlei de praia, quatro quadras poliesportivas, playgrounds e uma arena para shows. O Pavilhão Multiuso terá salas para educação ambiental, biblioteca e auditório, em uma área total de 68.000 m².
“Além do Parque Nascentes do Tietê, em Salesópolis, e do Parque Ecológico do Tietê, teremos agora o Parque Salesópolis. Mais que uma estrutura de lazer e educação ambiental que vai trazer a população para mais perto do rio, é também um projeto fundamental de recuperação e preservação das várzeas, que contribuirá com o combate a enchentes e ampliação da resiliência”, enfatiza a diretora-presidente da SP Águas, Camila Viana.
Paisagismo no Tietê

Investimentos serão de R$ 44,1 milhões (Divulgação/Governo do Estado de SP)
Com o objetivo de restaurar as margens e fortalecer o Tietê, a SP Águas irá investir R$44,1 milhões nos próximos 36 meses no serviço de manutenção do paisagismo das margens do rio, no trecho entre a barragem da Penha e a foz do rio Pinheiros.
O trecho, com 350 mil metros quadrados (equivalente a 50 campos de futebol), contará com aproximadamente 40 mil árvores – entre aroeiras, quaresmeiras, paus-brasis, palmeiras, jatobás, ipês, chorões, manacás-da-serra e cerejeiras – além de arbustos de 70 espécies diferentes, com porte de até 30 centímetros de altura, e forração de grama-amendoim, grama-esmeralda e vedélia.
A vegetação ocupa uma faixa de terreno com largura variável entre 2 e 10 metros, no nível da Marginal Tietê. O serviço incluirá a poda de árvores e arbustos; plantio de 3,6 mil novas árvores, 13,5 mil novos arbustos, 45 mil metros quadrados de grama e 25 mil metros quadrados de vedélia. O trabalho inclui também a remoção de lixo e entulho, além da manutenção das vias de serviço e do sistema de drenagem superficial.
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