A situação mais grave é com o público infantil com idade entre seis meses e 2 anos, que totaliza menos de 3% de imunizados. No grupo de 3 a 11 anos, a média de vacinados chega somente a 60%
Os municípios da Região Oeste de São Paulo que integram o consórcio de municípios Cioeste apresentam baixa cobertura vacinal contra covid-19 no público infantil. Dados da plataforma Vacine Já do governo de São Paulo apontam que menos de 3% das crianças, entre seis meses e 2 anos idade tomaram as duas doses do imunizante até a primeira quinzena de fevereiro. No grupo de 3 a 11 anos de idade, o percentual também foi insatisfatório, atingindo menos de 70% da população dessa faixa etária.
Grupo de seis meses a 2 anos de idade
Das 12 cidades que fazem parte do Cioeste (Consórcio Intermunicipal da Região Oeste Metropolitana de São Paulo), a que registrou o menor percentual de imunizados com duas doses no grupo de seis meses a 2 anos de idade foi a cidade de Itapevi, com apenas 0,26% do total previsto para esse público. Em seguida vem Carapicuíba, com 0,37 e Cajamar com 0,47. E seis municípios da região não chegam a alcançar um ponto percentual de vacinados. A cidade com melhor situação é Araçariguama, com 2,67% de imunizados.
Em relação ao percentual de faltosos, ou seja, as crianças que já deveriam ter tomado a segunda dose, Osasco está em primeiro lugar, com 75% de vacinas atrasadas. Seguida de Vargem Grande Paulista, com quase 60% e Cotia com 55%. Ao considerar somente a primeira dose, os percentuais são um pouco melhores.
Santana de Parnaíba tem o melhor resultado, com 10,88% de crianças da faixa etária que compareceram para tomar a vacina. E a cidade com pior desempenho é Carapicuíba, registrando um percentual de apenas 1,32%.
Grupo de 3 anos a 11 anos de idade
A imunização de crianças de 3 a 11 anos são bem melhores que no primeiro grupo etário, mas ainda está longe do ideal de 90% de cobertura vacinal preconizado pelo Ministério da Saúde.
A cidade com melhor percentual de vacinação com duas doses é Santana de Parnaíba, com quase 70% de imunizados. Em seguida, vem Barueri com 67% e Cotia com 63%. As cidades com piores taxas de imunização são respectivamente: Araçariguama com 45%, Jandira com 49% e Itapevi com 51%.
O percentual de crianças que não retornaram para tomar a segunda dose da vacina está numa faixa média de 20% para todos os municípios da região.
Baixa cobertura vacinal
Alguns dos motivos para a baixa cobertura vacinal contra covid entre o público infantil é a pouca procura e, também a falta do imunizante. Como mostrado, em algumas cidades, o percentual de crianças que não retornaram para tomar a segunda dose chegou a mais de 60%.
Alguns municípios chegaram a suspender a vacinação por falta de doses. A prefeitura de São Roque, por exemplo, publicou essa semana o risco de desabastecimento para o público de 5 a 11 anos, que necessitam tomar a segunda dose.
Segundo o portal do Instituto Butantan, um levantamento do Observa Infância mostrou que a Covid-19 pode ser letal em crianças, sobretudo entre as não vacinadas. Desde o início da pandemia, a doença matou ao menos duas crianças menores de 5 anos por dia no Brasil. Entre 2020 e 2021, 1.439 meninas e meninos nessa faixa etária morreram pela doença no país.
Outras faixas etárias
Já em as outras faixas etárias, quase todas as cidades da região conseguiram alcançar pelo menos 90% de cobertura vacinal. E em alguns municípios, o percentual ultrapassa 100%, o que significa que pessoas foram vacinadas em localidades onde não onde residiam.
As exceções são Cotia, Jandira, São Roque e Vargem Grande Paulista. No caso de Cotia, o caso mais crítico é no grupo de 75 a 79 anos, com apenas 68% de imunizados. Em Jandira, o índice mais baixo é 88% para a população de 50 a 54 anos. Também neste mesmo grupo, São Roque registra o menor percentual de vacinados com 81%. E no caso de Vargem Grande Paulista, a população menos imunizada é de 65 a 69 anos, com 72%.
Ações das cidades para aumentar a cobertura vacinal
A prefeitura de Barueri informou que tem realizado campanhas de conscientização, dentro das UBSs e nas demais unidades de saúde; bem como em matérias, publicações nas redes sociais, ações de conscientização em feiras e eventos etc. A Saúde tem realizado busca ativa com base nos cadastros de sua base de dados.
Em Osasco, também está ocorrendo busca ativa de não vacinados e faltosos com visitas às escolas para envio de comunicado ao pais. Além disso, tem sido enviado mensagens de WhatsApp nos celulares dos responsáveis pelas crianças.
Na cidade de Carapicuíba, a prefeitura ampliou o horário de funcionamento da sala de vacina em todas as unidades até às 18h30. Além disso, a vacina tem sido aplicada em diferentes unidades de saúde a cada 15 dias, durante as edições do programa “Saúde + Perto de Vc”. Outra iniciativa da cidade é a busca ativa. Agentes Comunitários de Saúde verificam a situação vacinal das crianças e orientam para completar o ciclo vacinal.
A assessoria de imprensa de Cotia informou que a secretaria de Saúde tem participado de todas as mobilizações estaduais, conhecidas como ‘Dia D’, que acontecem em sábados pré-definidos para tentar aumentar o percentual de cobertura vacinal.
Já a cidade de São Roque informou que tem utilizado as redes sociais e veículos de comunicação para divulgação constante do cronograma de vacinação. O município tem atendido em horários estendidos para imunização e realizado ações aos finais de semana, nas unidades básicas de saúde e prédio da Vigilância Epidemiológica. Além disso, também já foram realizadas ações na rede municipal de ensino e divulgação de informes dentro das escolas, com notas que são levadas pelas crianças até seus pais.
Em Itapevi, a prefeitura tem promovido campanhas nas redes sociais e nas unidades de saúde para conscientizar a população. Outra ação realizada, no momento, é uma campanha com os pais dos alunos da rede municipal de ensino para alcançar melhor resultado.
E o departamento de comunicação de Jandira informou que a prefeitura realizaria uma reunião nos próximos dias para discutir as possíveis ações para reverter o quadro de baixa cobertura vacinal não apenas de covid-19, mas também de outras vacinas.
As demais cidades da região foram procuradas pela reportagem do Giro S/A, mas não deram retorno até o fechamento desta edição.
Dose de reforço para crianças de 5 a 11 anos
Desde o dia 2 fevereiro, já está disponível a dose de reforço contra covid-19 para as crianças de 5 a 11 anos de idade. Estão aptos a receber o imunizante, os que tenham completado o esquema vacinal primário, ou seja, tomado a primeira e segunda dose há pelo menos quatro meses.