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Meninas querem ser “Fadinha” e procura por aulas de skate aumenta na região

Olimpíadas de Tóquio impulsionaram o esporte que, antes dominado pelos homens, começou a ganhar o espaço das mulheres na década de 90
A skatista Thiz Bertoni concilia a carreira com a família e o cuidado dos filhos pequenos (Francisco Cepeda/Giro S/A)

As famílias se encantaram com as manobras de Rayssa Leal, de apenas 13 anos, nas Olimpíadas de Tóquio. O sucesso fez com que a procura por aulas desse um boom. A campeã Ana Beatriz Bertoni, a Thiz Bertoni, que dá aulas particulares em Alphaville e São Paulo, viu a procura aumentar 400%, principalmente por pais de meninas.

“No dia seguinte às vitórias nas Olimpíadas, teve uma explosão de famílias procurando saber sobre aulas. Faltou horário na agenda. Foi muito interessante essa exposição. E não só para as meninas. O skate deixou de ser marginalizado e passou a ser visto como um esporte e um treinamento físico. Ele transforma a vida das pessoas”, afirma Thiz, que é  campeã sulamericana (2013) campeã brasileira (2016).

A skatista faz um alerta na hora de adquirir o skate para o seu filho. “Ele não é um brinquedo. Muitas lojas vendem o de plástico, podendo causar acidentes. É preciso investir tanto em diversão como em segurança”, ressalta. 

Proprietária da pista Sun7 Skate Park, em Santana de Parnaíba, a skatista Christie Aleixo destaca que a importância da participação das mulheres no skate vem lá de trás. “O boom se deu nos anos 90″, diz Christie, que começou a andar aos 19 anos. “Na hora de brincar, cada um levava o seu brinquedo. E eu, carregava o meu skate”, conta ela.

Christie está vendo a possiblidade de realizar um campeonato feminino de skate em março de 2022. “Estamos conversando com a secretaria de Esportes de Santana de Parnaíba”, explica.

Luis Felipe Volpi Ramos Carneiro também viu o número de seus alunos aumentarem. “A procura cresceu em torno de 50%, principalmente de meninas”, afirma Carneiro. O skatista anda desde os 11 anos.

Carneiro conhece pistas instaladas em Carapicuíba, Barueri e Osasco. Segundo ele, a maioria delas necessita de reforma. “É comum os próprios skatistas reformarem a pista. Em Santana de Parnaíba foi assim”, conta.

Thiz Bertoni, Luis Felipe Volpi Ramos Carneiro (à esquerda) e Gustavo Oliveira Rechi (Francisco Cepeda/Giro S/A)

A prefeitura de Osasco irá revitalizar uma de suas pistas de skate, a do Jardim Bela Vista. O projeto de reforma foi elaborado após três reuniões com skatistas e representantes das secretarias de Planejamento e Gestão (SEPLAG), Esporte, Recreação e Lazer (SEREL) e Serviços e Obras (SSO). Nos encontros, as equipes da Prefeitura ouviram as demandas e sugestões do grupo. Inclusive, a prefeitura abriu consulta pública para sugestões.

A proposta de reforma da pista de skate de Osasco prevê novo piso em concreto armado, construção de novas rampas e instalação de corrimãos para manobras, além de reforma dos banheiros, nova iluminação, entre outras melhorias. Felipe Carneiro ressalta que o piso de granilite é o melhor para ser aplicado em pistas de skate.

Indo de encontro com a vontade da população jovem de Araçariguama, a prefeitura aposta na construção de uma pista de skate na cidade. No começo de outubro, Beto Vaz, secretário da Juventude, Esporte e Lazer (SJEL), acompanhado de Nil Oliveira, diretor de Esporte, estiveram no município de Itu para visita técnica à pista de skate da Praça Washington Luis. Além de um relatório fotográfico, a equipe solicitou cópia da planta da pista. A previsão é que o projeto seja apresentado aos praticantes da modalidade até o final do ano e que a obra, finalizada, seja entregue ainda no primeiro semestre de 2022.

Barueri tem seis pistas de skate mantidas pela Prefeitura: Parque Municipal, Aldeia de Barueri, Vila Boa Vista, Jardim São Pedro, Parque dos Camargos e Jardim Belval/Jardim Itaquiti. Cotia, Jandira e Vargem Grande Paulista também têm o equipamento. Itapevi possui três.

Gustavo Oliveira Rechi, de 19 anos, anda de skate “desde que se conhece por gente”, como ele mesmo diz. O pais foi skatista profissional. “Antes só víamos moleques nas pistas. Agora todas elas têm meninas”, ressalta Rechi. 

Para ele, o skate lhe deu foco na vida. “O esporte me deu um norte. Está no sangue e no coração”, afirma Rechi, que pretende viajar o mundo fazendo vídeos de skate.

Números e capacitação
Segundo Christie Aleixo, até o ano passado eram 21 profissionais mulheres em todas as modalidades juntas no Brasil. Homens eram 750. “Com os números, percebemos que há inúmeros caminhos que o feminino ainda precisa atuar”, afirma Christie.

Além da participação feminina mais ativa, ela destaca que é preciso ter mais mulheres envolvidas na área de gestão do skate. “Elas precisam ser capacitadas dentro das entidades, atuarem dentro das marcas de skate, atuando nas comissões de atletas, mo marketing, na realização de eventos, na equipe técnica, na área audiovisual, como juízas, entre outros”, finaliza.