O técnico do time de vôlei feminino de Barueri, José Roberto Guimarães, recusou propostas financeiramente atraentes de clubes de voleibol do exterior para manter o projeto Barueri Volleyball Club, idealizado e patrocinado por ele. O contato com os dirigentes estrangeiros aconteceu nesse meio de temporada, porém, Zé decidiu permanecer no Brasil. O time do Barueri nasceu do sonho do treinador de criar uma equipe formadora de atletas, para aproveitar o grande número de atletas de base que despontam na cidade de Barueri. Em entrevista ao portal “Lance”, o experiente treinador expressou seu carinho pelo projeto.
“Temos de dar um jeito de continuar, não podemos desistir porque temos as categorias de base, desde o sub 14 até o sub 21, e depois o adulto. Do nosso time principal, 50% das atletas são das categorias de base. Temos esse DNA e tratamos com muito carinho. Minha saída (para o exterior) implicaria possivelmente no término do projeto, e ele é uma razão de viver minha e da minha família”, disse o paulista de 67 anos ao portal “Lance”.
Há mais de 19 anos no comando da seleção feminina, Zé Roberto foi procurado por dirigentes da Rússia e Turquia. Um deles, da Rússia, veio até o Brasil e levou o contrato diretamente para o treinador assinar. O Fenerbahçe, que já tem atletas brasileiras em seu plantel, foi outro interessado.
O Projeto Barueri Volleyball Club
Fundada em 1989, com o nome de Grêmio Recreativo Barueri, o time de voleibol feminino da cidade não teve muito destaque até a chegada de José Roberto Guimarães. O primeiro título veio apenas em 2019, três anos após o início do projeto, que começou em outubro de 2016. Na ocasião, a equipe de Barueri venceu o Osasco por 3 a 2, no Ginásio José Liberatti, e conquistou o Campeonato Paulista com uma média de idade de 21 anos e oito atletas formadas nas categorias de base.
O projeto de Zé Roberto se tornou muito importante para o voleibol da cidade e apesar do time ter sofrido nos últimos anos para conseguir patrocinadores, Barueri tem sido um dos principais laboratórios para a renovação do vôlei brasileiro. Na atual Seleção Brasileira, são três atletas do Barueri: as centrais Diana e Lorena e a líbero Laís.
Apelo ao governo para proteger as atletas formadas pelo clube
O comandante, que já fez publicamente diversos apelos por patrocínio, segue dedicado ao crescimento da equipe de Barueri. Nos últimos três anos, a equipe de Barueri perdeu 16 jogadoras formadas pelo clube e para diminuir a constante perda de atletas, Guimarães defende uma proteção da legislação brasileira para os clubes formadores, como acontece no futebol. O mecanismo de solidariedade da Fifa prevê pagamentos aos clubes formadores dos jogadores em suas negociações futuras.
“Acho que tinha de ter uma coisa parecida com o futebol, com a Lei Pelé, como lá fora. A Itália tem o cartellino, que é o passe. Aqui no Brasil também temos de pleitear uma lei que regulamente isso para que todo clube formador, como no futebol, tenha sua compensação. Isso ajudaria muito na continuidade. Eu estive em vias de desistir. Só não desisti porque olhava para o rosto de cada uma e via que tinha de continuar dando forças. Mas pesa, principalmente você tirando dinheiro do bolso todo mês. Tenho parceiros que me ajudam, mas ainda não é o suficiente”, completou Zé ao portal “Lance”.