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Violência: estudante de Direito denuncia agressão em estação de trem de Osasco

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O estudante sofreu agressão física e injúria racial quando estava a caminho da faculdade (Divulgação / Reprodução / Jean Carlos / Metro CPTM / Arquivo Pessoal)

Sandro Irineu de Lira Filho alega ter sido agredido fisicamente, além de ter sofrido discriminação racial na noite de terça-feira (11), em Presidente Altino. “Quem disse que neguinho favelado faz faculdade?”

Em reportagem assinada por Heloísa Barrense e Caê Vasconcelos, do portal “UOL”, o estudante de Direito, Sandro Irineu de Lira Filho, denunciou ter sofrido agressão física e discriminação racial na estação Presidente Altino, no momento em que estava a caminho da faculdade Unifieo (Centro Universitário FIEO), em Osasco. O estudante caminhava pela passarela quando um homem o abordou, dando voz de prisão, sob acusação de pichação. O rapaz foi levado de volta para a estação. Segundo depoimento, lá, o estudante foi vítima de agressões, desta vez com auxílio de seguranças da estação.

Em entrevista ao “UOL”, Sandro contou que ao ser abordado pelo homem, identificado como Robert Roney Guimarães, negou as acusações de pichação, mesmo assim foi vítima de agressão física e racismo. O suspeito agarrou o jovem pelo pescoço e pelo braço, além de chamá-lo de “neguinho”, “favelado” e ter dito que o país não era “Cuba” para que ele pudesse fazer “o que quisesse”.

“Acho que ele me confundiu com alguém e me deu voz de prisão. Eu estava a caminho da faculdade quando ele me abordou. Eu disse isso para ele e ele me respondeu: ‘mas quem disse que neguinho favelado faz faculdade? Você não faz faculdade coisa nenhuma’, disse o estudante à reportagem do portal “UOL”.

Sandro contou no boletim de ocorrência, feito no 5º DP de Osasco, que foi arrastado de volta à estação, onde foi levado ao local da pichação, desta vez em frente aos seguranças da ViaMobilidade. Em conjunto com o agressor, os guardas teriam feito um cordão humano em volta do estudante, com a intenção de impedi-lo de sair do local. 

“Eu fui deslegitimado, não tive como me defender. O cara podia ter me acusado de qualquer coisa e ninguém ia me ouvir. Eles não me deixaram explicar nada. Me agrediram, ficaram me tratando como se eu fosse um marginal, como se fosse um bicho. Me jogaram no chão sem direito de defesa. Não me deixaram pegar minha bolsa para pegar meu celular, eu queria ligar para a polícia e não deixaram. Eles fizeram um cordão para não me deixar ir nem ao banheiro. Não sei o que passa na cabeça para colocar o patrimônio acima de uma vida, sabe? Um dos guardas me disse que se eu passasse lá de novo ele ia me matar”, contou o jovem.

A reportagem do “UOL” entrou em contato com a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) para questionar sobre os próximos passos da investigação e sobre um possível indiciamento. Em nota, a pasta informou que “as partes já foram ouvidas e foi requisitado exame de corpo de delito para a vítima, que está em elaboração e será analisado pela autoridade policial tão logo for concluído” e que “as investigações prosseguem pelo 9º Distrito Policial de Osasco”.

Mãe do rapaz pede ajuda nas redes sociais
Por meio de uma redes social, Solange Pall, mãe de Sandro, publicou um relato do ocorrido e pediu ajuda para identificar os agressores. No vídeo, a mãe do rapaz contou que os guardas da ViaMobilidade mantiveram o rapaz em cárcere privado por 2 horas e que não foi apreendido nenhum objeto que pudesse indicar as acusações de pichação.

“Não tinha spray, caneta e nenhum objeto que pudesse materializar a acusação. Por favor, se alguém estava na estação no momento da agressão ou conhece alguém que estava, entre em contato. Os caras saíram livres, leves e soltos mesmo após as agressões e injúria racial”, disse a mãe de Sandro.

Em mensagem enviada à reportagem do Jornal GIRO por meio de uma rede social, a mãe do rapaz reforçou o pedido de ajuda para penalizar os responsáveis. Segundo ela, após sair do DP, seu filho precisou ir ao hospital para tratar das diversas lesões, inclusive na cabeça.

“Ele apanhou muito na cabeça, sofreu um mata leão, teve diversas escoriações e luxações e está mancando por causa do joelho”, disse Solange Pall, mãe de Sandro.

Agressores continuam soltos
Mesmo após o boletim de ocorrência, os problemas continuam. Sandro afirmou à reportagem do UOL, que retornou às aulas e acabou reencontrando os guardas, ainda não identificados, na estação que usa para seguir até a faculdade. 

“Eles ficaram de risadinha, me seguindo. Eu vou ter que começar a ir de ônibus para a faculdade porque não quero passar pelas ameaças que já passei, pelo constrangimento, pelas agressões. O melhor caminho agora é mudar a minha rota. Acho que eu vou precisar até de terapia para poder ver se eu se eu volto para minha vida normal. Estou tendo várias crises de ansiedade, crise de pânico, do nada começar a chorar”, afirmou o estudante.

Procurada pela reportagem do “UOL”, a ViaMobilidade, responsável pela operação e segurança da estação, negou as agressões. “A ViaMobilidade informa que não houve agressão por parte dos agentes da Estação Presidente Altino. Os funcionários realizaram apenas o acionamento da Polícia Militar para a condução do evento. Os envolvidos foram encaminhados ao 5º Distrito Policial de Osasco, onde foi registrado Boletim de Ocorrência.”

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