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Covid-19: Maconha será testada para ajudar profissionais de saúde

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Resultado do estudo com óleo de cannabis deve sair em 2021 (Foto: Site Abrace)

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) vai conduzir uma pesquisa inédita no Brasil com profissionais de saúde em situação de estresse e ansiedade provocada pelo enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. O estudo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH) da UFSC, chama-se “Impacto do óleo integral de cannabis na saúde mental de profissionais da linha de frente no combate à Covid-19,”.

O projeto vai selecionar cerca de 300 participantes de todo o país entre médicos e enfermeiros envolvidos no atendimento de casos suspeitos e confirmados da doença.

Para Erik Amazonas de Almeida, professor responsável pela pesquisa, a iniciativa é importante para a construção de uma política pública que possa incorporar a planta como alternativa terapêutica às condições psíquicas e emotivas da população em geral. “Sendo já comprovadamente menos danosa do que o uso de quaisquer ansiolíticos ou antidepressivos atualmente empregados, uma confirmação da nossa hipótese de trabalho pode trazer o óleo de cannabis para o posto de medicamento preferencial para o alívio dos sintomas de ansiedade e transtornos do humor”, afirma.

O protocolo a ser utilizado no estudo será o teste duplo-cego, com os voluntários divididos em dois grupos. Metade irá tomar o óleo integral da erva e a outra metade, placebo. A medicação à base de cannabis será produzida pela Associação Brasileira de Apoio a Cannabis Esperança (Abrace), com sede em João Pessoa, na Paraíba. 

Os participantes receberão um treinamento sobre o preenchimento do questionário da Escala Brasileira de Percepção do Estresse (BPSS) e sobre a condução do tratamento (dosagem, frequência, entre outros). O teste BPSS será aplicado antes do início do tratamento com cannabis ou placebo e será repetido mensalmente até o final do estudo. Os voluntários terão acompanhamento via telemedicina com médicos e psicólogos de uma equipe multidisciplinar ao longo de todo o processo.

Erik Amazonas explica que o interesse por essa pesquisa surgiu desde a primeira notícia de uma possível pandemia de SARS-CoV2. “Em março, já havendo morte no Brasil, ficou mais evidente a necessidade de a comunidade científica avançar nos conhecimentos sobre os efeitos medicinais da maconha. Particularmente, acho um desperdício termos atravessado tantas epidemias sem darmos o devido espaço terapêutico para a cannabis. Então, urgência e importância se combinaram nesse cenário de pandemia atual”, ressalta.

A previsão é que a publicação definitiva da conclusão da pesquisa seja realizada em março de 2021.

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