Os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) atingiram R$ 13,86 bilhões em outubro de 2020, com crescimento de 7,4% em relação a setembro e alta de 84% comparativamente ao mesmo mês do ano passado. É o que afirma a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Entre os primeiros dez meses de 2019 e de 2020, os empréstimos destinados à aquisição e construção de imóveis avançaram 48,8%, atingindo R$ 92,67 bilhões, superando o resulta do de todo o ano passado.
Foram financiados em outubro, nas modalidades de aquisição e construção, 45,5 mil imóveis, resultado 8,3% superior a setembro e 53,6% maior do que o apurado em outubro de 2019. O número de imóveis novos vendidos na cidade de São Paulo somou 5.552 unidades, o que representa um aumento de 38% em relação ao mesmo período do ano passado. Em comparação a setembro, a alta foi de 7,9%. Os dados foram divulgados no último dia 1º de dezembro, pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP). Já no acumulado de janeiro a outubro deste ano, foram comercializados 38.287 unidades, 5,6% a mais do que o acumulado do mesmo período de 2019 (36.267 unidades).
Horizonte promissor
Sediada em Barueri, no bairro Alphaville, a MPD Engenharia, que figura entre as dez maiores construtoras do Brasil, acompanha os reflexos positivos da retomada do setor imobiliário, principalmente no segundo semestre deste ano. A seguir, confira a entrevista que a diretora de incorporação da MPD, Débora Bertini, concedeu à reportagem.
Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o financiamento imobiliário disparou no mês de outubro em todo o país e bateu recorde. O crescimento foi de 84% em relação ao mesmo período do ano passado. Em sua análise, é possível afirmar que os reflexos positivos desse índice foram percebidos nos negócios gerados pela MPD no período?
Imóveis sempre foram considerados como moeda forte, sendo um patrimônio bastante sólido mesmo em momentos de crise. E hoje estamos vivendo um momento de economia muito favorável nesse sentido, com uma taxa de juros Selic historicamente baixa, se aproximando de 2%. Assim, para quem tem intenção de comprar um imóvel, esse é um momento muito oportuno, e isso se reflete nesse alto crescimento no número de financiamentos. Fazendo, inclusive, com que as pessoas se sintam mais seguras de estar investindo em algo mais sólido. Esse é o principal impulso, em termos econômicos, para que se tome a decisão, hoje, de pegar um valor aplicado e investir na compra de num imóvel, e pudemos perceber isso na prática, já que esse movimento teve efeitos em todo o setor. A faixa de empreendimento de médio e alto padrão, na qual a MDP se encontra, foi umas das grandes responsáveis, inclusive, por recordes positivos do setor de construção civil nos últimos meses.
De que maneira a senhora avalia o cenário do mercado imobiliário na região oeste da Grande São Paulo, principalmente no segundo semestre deste ano?
O cenário futuro para essa região, que inclui Alphaville, é muito positivo, já que conta com o diferencial, em questão de valores, de oferecer opções mais acessíveis do que em regiões compatíveis em São Paulo, por exemplo. Ou seja, é possível oferecer para famílias dessas regiões mais nobres e centrais, um apartamento ou casa, muito maiores, no mesmo valor de um imóvel menor que está localizado em São Paulo, e isso atrai novos moradores. Além disso, essa região conta com muitas áreas altamente arborizadas, com muita proximidade com a natureza, qualidade de ar melhor, por exemplo, sendo muita atrativa para os que procuram imóveis maiores, mais espaçosos, e principalmente qualidade de vida por um valor que não seja extremamente fora do orçamento dessas pessoas. O ponto principal é que, como as pessoas e empresas conseguiram se adaptar a trabalhar à distância, o fato delas morarem em um bairro mais afastado da região central de São Paulo não é mais uma questão problemática ao escolher seu imóvel. Essa união de uma maior qualidade de vida com a possibilidade da pessoa morar mais distante do centro sem interferir no trabalho, tem ajudado muito a manter o mercado da região em um patamar positivo.
Quais são as perspectivas para o setor em 2021?
Com o início da pandemia, o mercado sofreu um pouco. Mas, como atividade econômica essencial, o setor continuou funcionando. No momento, já entramos em uma faixa de acomodação e retomada, começando a apresentar desde junho dados positivos. As expectativas para os próximos meses, entrando em 2021, e que a reabertura gradual e a retomada cada vez maior da economia, o mercado melhore cada vez mais rápido e, pouco a pouco, os baques sentidos mais fortemente no primeiro semestre serão recuperados.