A eleição de 2016 marca um novo ciclo na região oeste e aponta para a redução do peso da ‘máquina’ nas disputas pelas prefeituras. Com a vitória de Rogério Lins (PTN) em Osasco, seis dos oito prefeitos eleitos na região chegarão ao Executivo após derrotarem candidatos apoiados pelos atuais governos municipais.
O resultado consolida uma mudança que começou há oito anos nas cidades do Cioeste (Consórcio Intermunicipal da Região Oeste). Em 2000 e 2004, 75% dos vencedores tiveram apoio das prefeituras e quatro deles conquistaram a reeleição.
Neste ano, esse patamar caiu para 25%. As exceções foram as vitórias de Rogério Franco (PSD), apoiado pelo atual prefeito Carlão Camargo (PSDB), em Cotia, e de Elvis Cezar (PSDB), reeleito em Santana de Parnaíba.
A crise econômica explica em parte a derrocada. Neste ano, três prefeitos desistiram de disputar a reeleição, e o primeiro deles foi Gil Arantes (DEM) em Barueri. Apesar do prefeito eleito Rubens Furlan (PSDB) não ter tido o apoio formal da máquina, o tucano não teve de enfrentar a resistência de Gil, que anunciou que deixará a vida pública.
Dois dos candidatos que buscaram a reeleição também foram derrotados, Gregório (PMDB), em Pirapora do Bom Jesus e em Osasco, Jorge Lapas (PDT).
O ESPECIALISTA
Crise econômica ajudou a derrubar atuais governos
Para o cientista político Roberto Romano, a eleição de 2016 foi atípica em vários sentidos, com a crise econômica e política e uma enorme parcela da sociedade que decidiu não ir às urnas. “Isso tudo ajuda a desestabilizar as conexões naturais que eram utilizadas até então, como a máquina da prefeitura”, afirma. “Para que você tenha o uso, inclusive errado e ilícito, da máquina é necessário que a máquina tenha dinheiro circulando”, exemplifica. Romano não vê no fenômeno uma maior conscientização do eleitor e aponta que muitos têm se distanciado ainda mais por conta dos atuais homens públicos. “Uma parte considerável da população está desconfiada com a democracia e isso é o mais grave de tudo”, conclui.