A agente de endemias Sheila Alencar Silva, de Santana de Parnaíba, trabalha há mais de 2 anos em visitas domiciliares no combate à Dengue no município. Nunca contraiu a doença. Mas não conseguiu escapar de ser infectada pelo coronavírus.
Era domingo, 12 de abril, quando Sheila almoçava com sua família em Osasco. Começou a sentir uma intensa dor de cabeça, nariz congestionado, dor nas articulações e febre, mas mesmo assim decidiu ir ao trabalho em Santana de Parnaíba. Ao comentar com sua chefe sobre o mal estar, ela a encaminhou a UBS do Jaguari onde teve o primeiro diagnóstico como sinusite e ficou afastada por cinco dias.
Sheila comenta que mesmo em repouso os sintomas só pioraram. “Sentia muita fraqueza, não conseguia comer nada, até a água tinha um gosto amargo. Depois de dois dias fiquei tão fraca que caí e fiquei deitada no chão sem conseguir me levantar. Percebi que precisava urgente de um médico”, relata.
A agente resolveu se consultar na UBS da Vila Ayrosa, onde mora, e foi diagnosticada com Covid-19. Ela não precisou ser internada, voltou para casa e teve que ficar completamente isolada.
“Moro com minha mãe de 70 anos e tenho uma filha de 12. Não podia ter nenhum contato com as duas, era como se fosse uma prisioneira em minha própria casa. Todas as refeições eram separadas, tudo que eu usava era higienizado. Muito ruim esse sentimento de exclusão do mundo. Posso imaginar o sofrimento de quem fica nos hospitais”, declara.
Apesar da infecção pelo covid-19, Sheila relata que não sentiu falta de ar e o único medicamento que usou foi dipirona para controlar a febre. “Não sei onde peguei isso, pois circulo em muitos lugares devido ao meu trabalho. Mas a lição que fica é que não somos invencíveis e por estarmos diante de uma ameaça invisível achamos que ela não existe. Mas é real e pode nos levar para longe as pessoas que amamos. Cuidem-se”, alerta a agente.