“Não podemos esperar que um acidente grave ocorra com morte de pessoas. Descarrilamentos não são comuns em lugar nenhum do mundo”, diz o promotor de Justiça Silvio Marques
Na última quinta-feira (30), um trem da Linha 8-Diamante descarrilhou na região da estação Júlio Prestes, provocando atrasos e lentidão em todo o sistema operado pela ViaMobilidade — empresa vencedora da concessão das linhas 8 e 9 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O incidente não deixou usuários feridos, no entanto, provocou o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) a anunciar o encerramento de todas as negociações de acordos com a concessionária.
“Encerramos as negociações com a empresa, não vamos assinar qualquer tipo de acordo com a Via Mobilidade, porque nós já tivemos muitas conversas e eles disseram que iam resolver os problemas e não resolveram. Vamos ter que tomar as providências necessárias visando à extinção desse contrato”, destacou o promotor de Justiça Silvio Marques em coletiva na sede do MP, na capital paulista.
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Segundo funcionários ouvidos pelo órgão, no entanto, outros quatro episódios podem ter ocorrido sem divulgação, o que totalizaria dez descarrilamentos no período.
“Nós não podemos ficar esperando que um acidente grave ocorra com morte de pessoas. Hoje já foi algo muito grave, enfim todos esses descarrilamentos são graves. Descarrilamentos não são comuns em lugar nenhum do mundo, não há explicação razoável”, ressaltou o promotor.
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“Não há mais o que esperar”
Ainda segundo Silvio Marques, a decisão do MP de agir no sentido de extinguir o contrato com a Via Mobilidade foi tomada com base em dois relatórios produzidos por peritos do Centro de Apoio Operacional, do próprio Ministério Público. “Não há mais o que esperar tendo em vista que a situação só piora. Não podemos esperar que um acidente mais grave ocorra para só então entrar com algum tipo de medida. Essas medidas do Ministério Público deverão ser tomadas nos próximos 15 dias independentemente inclusive das medidas que o estado também pode tomar”, disse Marques.
Como resolver a questão?
A solução apontada pelo promotor para resolver a questão é que as duas linhas privatizadas passem a ser operadas ou por uma outra empresa privada, escolhida por meio de uma nova licitação, ou que volte a ser administrada pela CPTM.
“Se outra empresa não conseguir [gerir as linhas], a CPTM eu tenho certeza que consegue. Ela tem material humano, tem equipamentos, tem expertise. Enfim, já administrava essas duas linhas com menos problemas. Então, seja pela CPTM, seja por uma outra empresa também contratada mediante de licitação, nós entendemos que essa é a solução que deve ser tomada”, disse.
Quais cidades da região são atendidas pelas Linhas 8 e 9?
A linha 8-Diamante sai da estação Júlio Prestes em direção à estação Amador Bueno, passando pelas cidades de Osasco, Carapicuíba, Barueri, Jandira e Itapevi. Já a linha 9-Esmeralda vai da estação Osasco em direção à estação Mendes-Vila Natal, operando quase que inteiramente no município de São Paulo.
O que diz a ViaMobilidade?
Em nota enviada à reportagem do GIRO, a concessionária afirmou estar investindo constantemente em melhorias para qualificar o serviço prestado aos passageiros das linhas 8 e 9, e que, entre as medidas já adotadas, destaca:
“Em um contrato de concessão de 30 anos, a empresa já investiu mais de R$ 1 bilhão somente no primeiro ano, na revisão geral de trens, em ação corretiva nos trilhos, inspeção da rede aérea e reforma de estações, além de R$ 950 milhões pagos em outorga. Além disso, nos três primeiros anos de contrato, conforme planejado, o total de investimentos deverá alcançar a marca de R$ 3,8 bilhões. Neste ano, a ViaMobilidade vai investir mais R$ 1,5 bilhão, o que inclui o pagamento dos 36 novos trens adquiridos junto à Alstom. O primeiro novo tem já está em fase de testes para entrar em operação comercial em maio”.
*Com informações da Agência Brasil.