O tempo seco combinado com a falta de chuva que persistiu nas últimas semanas trouxe umincômodo maior aos moradores da região Oeste que sofrem com o mau cheiro do Tietê. Um dos gases exalados é o sulfídrico, altamente tóxico.
O professor Magno Botelho Castelo Branco, especialista em Ecologia e Recursos Naturais da Universidade Mackenzie, explica que uma das causas está na enorme quantidade de esgoto lançado sem tratamento nas águas do rio, proveniente principalmente de cidades como Guarulhos e do ABC. “Com a decomposição anaeróbica (na ausência de oxigênio) dessa matéria orgânica lançada, temos a liberação de gás sulfídrico, que é o principal responsável pelo mau cheiro”, explica.
Uma moradora de Barueri relata desconfortos. “Ardência no olho, nariz, enjoo e dor de cabeça. Algumas vezes à noite, quando o cheiro está muito forte, acordamos como se estivéssemos sufocados.”
Segundo Castelo Branco, quando chove menos, diminui o fluxo de água do rio e aumenta o tempo de residência de poluentes, o que acentua o mau cheiro.
O gás sulfídrico é altamente tóxico e pelo fato do rio estar a céu aberto rapidamente se dilui na atmosfera. “Ainda assim pode provocar dores de cabeça e irritar mucosas, principalmente a ocular. Em concentrações maiores outros danos mais sérios à saúde ocorrem, como perda de olfato, edema pulmonar e danos no sistema nervoso central”, completa o especialista.
